30 dezembro 2011

Resolução de Ano Novo?

...o "iluminado homem-novo" não pode!

A necessidade de Deus (e de Cristo).

por Henrique Raposo
Expresso, 29/12/2011

"O ar do tempo acha que é completamente independente do cristianismo. O ar do tempo está errado. Mesmo que não acredite no mistério pascal (como eu o percebo), mesmo que não seja um cristão de fé, o cidadão ali da rua é um cristão cultural, educado numa cultura de direitos que só cresceu na civilização judaico-cristã. Tal como defende Nicholas Wolterstorff, os tais "direitos inalienáveis" (a base ética e constitucional das nossas vidinhas) têm uma raiz bíblica . Por outras palavras, o Direito Natural precisa de uma base religiosa, precisa de uma comunicação com a transcendência divina. Porquê? A resposta não é simples, mas aqui vai: sem uma noção de transcendência, sem algo que nos liberte da prisão do aqui-e-agora, o poder político fica com as portas abertas para limitar os direitos inalienáveis dos indivíduos. Não por acaso, os regimes totalitários do século XX anularam por completo qualquer noção de transcendência, destruíram qualquer noção ética com origem em algo exterior à lei positiva determinada pelo chefão. O fascismo e o comunismo foram tiranias da imanência. 

Muitos autores contemporâneos, como Alain Dershowitz, defendem um conceito de Direito Natural secular, sem qualquer apelo a Deus. Mas isso é o mesmo que ser do Benfica e gostar do Pinto da Costa ao mesmo tempo . Um Direito Natural completamente secularizado é uma contradição em termos, porque não tem uma gota de transcendência. Quando dizemos que cada indivíduo tem direitos inalienáveis que nenhum poder terreno pode pôr em causa, quando dizemos que cada pessoa tem direitos inalienáveis que nenhum direito positivo pode rasgar, estamos - na verdade - a dar um salto de fé em direcção a uma concepção de amor ao próximo, um concepção de amor que transcende a imanência da lei, da cultura e do nosso próprio corpo (i.e., Deus). 

Portanto, convém perceber que a ideia de direitos inalienáveis não foi inventada de raiz pelo pensamento iluminista do século XVIII ou pelo optimismo científico e individualista do século XIX. Esta ideia já fazia parte do património bíblico. Neste sentido, a tese de Wolterstorff não é descabida: sem esta raiz cristã, a nossa cultura de direitos não teria sido desenvolvida. Os críticos desta tese poderão invocar Kant para a defesa de um Direito Natural absolutamente secular, mas ficarão sempre expostos a um ataque óbvio: Kant cresceu numa cultura cristã e não noutra qualquer; Kant não apareceu no paganismo indiano ou chinês. Não por acaso, Nietzsche dizia que Kant era um cristão manhoso, um cristão que inventou uma teoria secular de direitos apenas para fugir da questão de Deus e da fé. Moral da história? Durante muito tempo, pensei que Kant chegava para as despesas do Direito Natural. Mas não chega."

28 dezembro 2011

da Guerra que ia acabar com todas as guerras.

Nenhuma guerra faz sentido. 
As razões ficam lá bem longe quando rebenta a primeira bomba, quando se crava entre as costelas a primeira baioneta ou aperta a primeira garganta. Quando espirra na cara o sangue do primeiro sacrifício. Quando morre o primeiro filho e chora a primeira mãe.

De todas as outras, a primeira mundial é a que mais desarma. 
Atrito-orgia de sangue e carnificina. Lento massacre, demorado. Doutrinas estúpidas e irrilevantes para lidar com os novos artefactos da morte. Recrutamento massivo das populações. Produção alarve e sôfrega de mais e mais armas à espera de entrar na fornalha desse inferno entricheirado. Guerra industrial. Milhões de baixas em batalhas de poucos meses. Tudo por esse marginal pedaço de terra de ninguém que cedo será devolvido.

O Homem contra si mesmo, inexoravelmente. Compressão lenta e opressiva. Pasta de sangue e lama, e medo, e mijo e choro.
natureza morta.
formigas contra elefantes.
"[...] estou bem. Isto não faz sentido. Somos carneiros à espera de balas."
paz, por um momento, apesar de tudo.

22 dezembro 2011

A D S U M



que seja enfim, 
afinal ou finalmente, 
já não de mim, 
mas teu inteiramente.

21 dezembro 2011

heróis do azar, pobre povo, 
nação doente e imortal. 
entre as nuvens da poeira, 
ó pátria, sente-se a voz, 
de quem vem depois de nós, 
e que há de guiar-te à vitória. 
às armas e à bagagem, pátria, 
que temos de ir para outro lado. 
viver com menos, saber voar. 
nas tribulações, sonhar, marchar!

24 novembro 2011

Então e a greve pá?!


Hoje, dia de greve geral, foi interrompida, pelo menos, uma aula na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. 


O "piquete de greve" entrou sala a dentro a tocar tambor e a causar distúrbios para deliberadamente bloquear quem decidiu não fazer greve. Acusados disso mesmo, replicaram que estavam apenas a fazer um convite para se juntarem ao protesto. Piquetes semelhantes estavam colocados à entrada e também nos espaços exteriores da faculdade. 

É bonito ver que a tradição ainda é o que era... faz lembrar os "tempos quentes" do pós-25 de Abril em que, na Clássica, os "fura-greves" eram intimidados e insultados por não quererem participar. Isto dava um giuão para um sketch dos homens da luta.

Curioso que em Portugal a liberdade de expressão só costuma funcionar num sentido. Tentar coagir alguém a participar ou a furar uma greve, é das coisas mais criminosas que se podem fazer em democracia.

23 novembro 2011

Parlamento-ringue.

A moda do parlamento-ringue já chegou à Coreia do Sul.
E eu que pensava que era só em Itália que havia coliseus...

22 novembro 2011

Liberdade, o maior bem europeu.


Raquel Abecasis, RR on-line2011-11-21

"Esta devia ser uma manhã alegre em Espanha. O país foi a votos, a maioria dos espanhóis falou e o poder mudou de mãos.

A verdade é que Espanha é esta manhã um país deprimido, como grande parte da Europa. Aqui ao lado, é sabido que, façam o que fizerem, os espanhóis têm o destino traçado e nós, em Portugal, temos a sensação de estar a rever um filme que já conhecemos. 

É curioso que as eleições espanholas ocorram no mesmo fim-de-semana em que, no Egipto e na Síria, milhares continuaram a manifestar-se e a morrer em nome de uma liberdade que tarda em chegar àquelas paragens. 

A Primavera Árabe esbarra no Outono das democracias europeias que, habituadas a uma vida fácil, sacrificaram a liberdade à ditadura do dinheiro. 

Mudar de vida é uma inevitabilidade para a Europa, mas quem vive no Velho Continente deve olhar para os países árabes para perceber que a liberdade é a sua maior riqueza. 

Mariano Rajoy assume, a partir de agora, a liderança do governo que passa para as mãos dos populares depois de oito anos de governação socialista. Tem uma tarefa difícil pela frente, mas esta é também a hora de os políticos redescobrirem que a sua vocação é o serviço ao povo e não servirem-se do povo."

17 novembro 2011

Vêem porque é que é importante?

Não é à toa nem por modas; nem por capricho nem mania. Isto vale mesmo a pena! O resultado de não fazer assim, de não pensar a Universidade desta maneira, está à vista e a Sábado saiu à rua de questionário na mão para nos mostrar isso mesmo.

16 novembro 2011

Euro 2012 logo is portuguese!

...porque afinal, neste blogue, o mantra é tá muita bom...
apesar do euro, da crise, do futuro, disto, daquilo e do resto.

Viver com menos, saber voar.

Sair do Euro? Absurdo...
Ser forçado a sair do Euro? Cada vez mais forçado a encarar a possibilidade...

Panorama económico desértico quanto mais descontrolada fôr essa saída. O país entrou no euro onde se joga na 1ª liga com uma economia que, se não estava nos regionais, não passava da divisão de honra. Estamos carecas de saber isto. Não interessa nem à Alemanha uma saída cataclísmica da UE. Afinal, temos de pagar a dívida também aos alemães. Porém, se tivermos de sair, somos forçados a atravessar o deserto num carocha podre, disfarçado de tuareg. Poderão dizer - e eu não sei se ao leitor não me junto - que esta leitura vem daquela espécie de cinismo pessimista com que se olha para a realidade e que tantas vezes passa por clarividência ou lucidez.

Mau tempo para empréstimos, diz o outro. Depende da iminência ou não de uma saída; do faseamento que essa porta dos fundos possa ter; dos caminhos escolhidos para a travessia. 

Heróis do azar, pobre povo, nação doente e imortal. Entre as nuvens da poeira, ó pátria, sente-se a voz de quem vem depois de nós e que há de guiar-te à vitória. Às armas e à bagagem, pátria, que temos de ir para outro lado. Viver com menos, saber voar. Nas tribulações, sonhar, marchar!

10 novembro 2011

A Universidade, quer-se universal #2


"[...] There are of course different ways in which such a curriculum might be implemented. And it would be important for it to focus on a limited number of problem areas or texts or historical episodes in the contributing disciplines, so that each problem, each text, each episode could be studied in some depth. Superficiality should be as unacceptable to the educated generalist as it is to the specialist. And a sense of complexity is perhaps even more important for generalists than for specialists, if generalists are to understand the difficulty of formulating and confronting the questions to which this curriculum will introduce them. But why is it important that someone with a higher education should engage with these questions?

Ours is a culture in which there is the sharpest of contrasts between the rigor and integrity with which issues of detail are discussed within each specialized discipline and the self-indulgent shoddiness of so much of public debate on large and general issues of great import (compare Lawrence Summers on economics with Lawrence Summers on gender issues, Cardinal Schönborn on theology with Cardinal Schönborn on evolution). One reason for this contrast is the absence of a large educated public, a public with shared standards of argument and inquiry and some shared conception of the central questions that we need to address. Such a public would be a good deal less willing to allow issues that need to be debated to be defined by those who are so wedded in advance to their own particular partisan answers that they have never found out what the questions are. And it would be unwilling to tolerate the straitjacketing of debate, so characteristic of television, within two- to five-minute periods, during which each participant interrupts and talks down the others. [...]"

O texto completo aqui.

A universidade, quer-se universal.

A Universidade tem de ser uma Escola com uma visão integral da pessoa e da sua formação. Um economista tem de aprender filosofia; um filósofo, economia; um egenheiro, história da arte, e por aí em diante.

Só depois deve o aluno especializar-se. Os anos de universitário são fundamentais na formação da personalidade e a abrangência dos contéudos, a universalidade do percurso académico, é um factor fundamental na construção do adulto. Desse Homem Novo, consciente do Universo à sua volta e do que pensaram e fizeram os outros Homens. Mais capaz de vislumbrar como é que chegámos todos até aqui e porquê desta maneira.

Sem isto, a Escola degenera numa simples fábrica de competências, por mais brio e tradição que tenha. Acredito que muitos daqueles professores que nos inspiravam, de alguma maneira, concebiam o seu papel assim, como alguém que quer formar e fazer crescer outro alguém que vai a caminho de um futuro.

Ficávamos todos bem melhores com Universidades verdadeiras.

Se ainda não vos consegui convencer, o que dada a capacidade do autor é bem provável, leiam quem sabe do que escreve aqui.


Obrigado Senhora do Monte.

02 novembro 2011

Let's make money - está aberto o debate!


Excerto do documentário "Let's make money".

Será verdade? Teoria da conspiração?
Porque é que um "former economic hitman" quereria expôr o seu passado? Súbito ataque de consciência?

Faltava conseguir o documentário todo.
Aceitam-se mais informações.

31 outubro 2011

Sete mil milhões.


Maravilhas das projecções demográficas: sabemos o dia e a hora em que passamos a ser sete mil milhões de habitantes.
Estiveram atentos? Não sentiram o mundo dar um salto?
Adoro o tom determinista que só as notícias conseguem ter; aquele conforto de quem pensa que tem tudo o que precisa de saber, controlado num painel de instrumentos. Como se as projecções não tivessem incertezas associadas.
Atenção, não contesto que estamos a passar a marca dos sete mil milhões. Acho só piada ao tom "senhoras e senhores! Hoje à meia-noite, o acontecimento do ano!".
Para não falar de que nos próximos dias, vamos assistir a uma catadupa de profetas do fim do mundo: "Somos muitos! Não há recursos para todos...! Vamos todos morrer! Controlem as populações! Só os mais aptos podem reproduzir-se!"

Ou então é só 2ªfeira de manhã...

28 outubro 2011

só leio desistência...

Leio os 10 mais recentes comentários a esta notícia e não posso deixar de pensar que os derrotistas, submissos e conformados são precisamente os que os escreveram, e não essa muito prática entidade abstracta que é o "povo português".

Serão, como ratos, os primeiros a saltar do barco? Onde está vossa honra? A vossa esperança no futuro? O vosso desígnio? A vossa visão e o contributo pessoal e concreto para um futuro melhor? Onde estão as vossas mangas arregaçadas para darmos todos juntos "a volta ao texto"? Terão ficado no Euro 2004, secalhar...

Onde está a vossa Vontade de Ser?!

Em vez disso, leio desistência... 
As coisas estão más. Estão mesmo muito más... e então?! 
Vão abandonar o barco?! 

BENDITO 1640!

O anedótico gosta de tempestade em copo de água. Esperto...

O anedótico é manhoso...

José Rodrigues dos Santos continua a mostrar que não sabe do que fala, respondendo ao comentário que o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura fez ao seu texto. Com mais patas na poça, evidencia sozinho os pontos que o SNPC levantou.

O anedótico conseguiu fazer melhor ao juntar a ofensa à injúria, quando passa um atestado de burrice ao público em geral e aos católicos ao afirmar que "o cidadão comum nunca ouviu dizer que Jesus não era cristão". Mas o mais delicioso da notícia é o seguinte excerto: "A Igreja nega ou não nega que Jesus era judeu - e, consequentemente, que Cristo não era cristão?".... [pausa de estupefação]. 

Eu sou um cidadão comum e sei isto... A grande maioria dos cidadãos comuns sabe isto. Mas o mais incrível é que este segredo sujo e escondido que supostamente a Igreja esconde a sete chaves é, afinal, evidente, claro e assumido por todos... basta ler com atenção os Evangelhos.

Jesus podia até ter sido chinês. O que o autor não sabe ou finge não saber (polémica = publicidade), é que o nome "Cristão", começou a ser utilizado para designar aqueles que eram de Jesus Cristo. Aqueles que o seguiam, aqueles que acreditavam nas suas palavras. O anedótico também não sabe, ou não quer saber, que a palavra Cristo vem do grego e significa "o Ungido".

Se o anedótico está a falar de crianças de dez anos ao mencionar o cidadão comum, então talvez tenha razão. Senão, insulta de uma assentada, milhões de portugueses com o seu tom paternalista e pseudo-acutilante. 

A Igreja não tem medo de nada. Apenas esclarece que o anedótico não sabe do que fala e afirma como verdades teorias que não são reconhecidas como válidas pela maioria dos estudiosos (os verdadeiros), da Bíblia.
De facto, a Igreja não só não teme a Verdade, como a procura com todas as forças e fraquezas que tem, de esperanças postas no coração do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Enfim... espuma dos dias que cedo, espera-se, passará...

Leitura adicional: Análise ao romance "O último segredo", de José Rodrigues dos Santos pelo professor doutor Mário Avelar, professor catedrático de Estudos Anglo-Americanos publicado pela Agência Ecclesia e transcrito no site do SNPC.

26 outubro 2011

poema-círculo à roda das coisas.


"A coisa mais antiga de que me lembro é dum quarto em frente do mar dentro do qual estava, poisada em cima de uma mesa, uma maçã enorme e vermelha. Do brilho do mar e do vermelho da maçã erguia-se uma felicidade irrecusável, nua e inteira. Não era nada de fantástico, não era nada de imaginário: era a própria presença do real que eu descobria. Mais tarde a obra de outros  artistas veio confirmar a objectividade do meu próprio olhar. Em Homero reconheci essa felicidade nua e inteira, esse esplendor da presença das coisas. E também a reconheci intensa, atenta e acesa na pintura de Amadeo de Souza-Cardoso. Dizer que a obra de arte faz parte da cultura é uma coisa um pouco escolar e artificial. A obra de arte faz parte do real e é destino, realização, salvação e vida. 
Sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda duma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso. E se a minha poesia, tendo partido do ar, do amor e da luz, evoluiu, evoluiu sempre dentro dessa busca atenta. Quem procura uma relação justa com a pedra, com a árvore, com o rio, é necessariamente levado, pelo espírito de verdade que o anima, a procurar uma relação justa com o homem. Aquele que vê o espantoso esplendor do mundo é logicamente levado a ver o espantoso sofrimento do mundo. Aquele que vê o fenómeno quer ver todo o fenómeno. É apenas uma questão de atenção, de sequência e de rigor (...)".

Descrição por Sophia de Mello Breyner da sua  Arte Poética num texto lido em 11 de Julho de 1964, no almoço de homenagem promovido pela Sociedade Portuguesa de escritores, por ocasião da entrega do grande Prémio de Poesia, atribuído a Livro Sexto.

Encontrado aqui.

24 outubro 2011

José Rodrigues dos Santos, o anedótico.

Uma imitação requentada: Nota sobre o romance "O último segredo", de José Rodrigues dos Santos

"O romance de José Rodrigues dos Santos, intitulado “O último segredo”, é formalmente uma obra literária. Nesse sentido, a discussão sobre a sua qualidade literária cabe à crítica especializada e aos leitores. Mas como este romance do autor tem a pretensão de entrar, com um tom de intolerância desabrida, numa outra área, a história da formação da Bíblia por um lado, e a fiabilidade das verdades de Fé em que os católicos acreditam por outro, pensamos que pode ser útil aos leitores exigentes (sejam eles crentes ou não) esclarecer alguns pontos de arbitrariedade em que o dito romance incorre. 

17 outubro 2011

Da comunhão dos Santos.


"Cold is the water 
It freezes your already cold mind 
Already cold, cold mind 
And death is at your doorstep 
And it will steal your innocence 
But it will not steal your substance 
 But you are not alone in this 
And you are not alone in this 
As brothers we will stand and we'll hold your hand 
Hold your hand 
 And you are the mother 
The mother of your baby child 
The one to whom you gave life 
And you have your choices 
And these are what make man great 
His ladder to the stars 
 But you are not alone in this 
And you are not alone in this 
As brothers we will stand and we'll hold your hand 
Hold your hand 
 And I will tell the night 
Whisper, "Lose your sight" 
But I can't move the mountains for you"

Timshel - Mumford & Sons
mais @ essejota.net

11 outubro 2011

bora, bora!


In December drinking Piscola...

"Segui Creyendo". No campo, na vida, na crise.


creo en la pasíon sin verso; creo en la entrega sin limites; creo en las hazañas que terminan en proezas; creo en el compromiso; creo en la belleza; creo en la lucha que es mucha; creo en el talento; creo en la humildad; creo en el respeto; creo en la locura; creo en la distancia que recorre una esperanza cuando se empuja y se empuja; creo en la hermandad; creo en la amistad; creo en la fuerza que sale de adentro cuando hay que ganar; creo en la aventura; creo en los sueños; creo en lo real; creo en las voluntades que derriban barreras; creo en la alegria; creo en los retos; creo en los hombres con espiritus inmensos; creo en la destreza; creo que una lagrima sincera vale mas que mil banderas desplegadas en el cielo…

10 outubro 2011

E se nos chamássemos só Portugal?


República é o nosso regime e não o que nos define.
Portugal tem 868 anos, a República tem 101.


Portugal, sem coroas ou barretes jacobinos.
Não é o regime que nos define.

07 outubro 2011

edp = energia de portugal #2


Tentando responder ao doutíssimo economista "Alvim da Tenda", com quem esta praça tantas vezes conta para a boa troca de ideias:


Desde já o autor pede desculpa por qualquer falta de rigor na sua linguagem de leigo...!

"Por último tens de explicar porque é que se há de ter vontade em trabalhar para um grupo português."
Imaginemos que tens dois grupos que te são igualmente atraentes do ponto de vista de carreira, aprendizagem, projecção internacional, pujança no mercado, dimensão, perspectivas de futuro, etc. 
Agora imagina que um desses grupos é português e o outro é estrangeiro.
Acredito que há muito boa gente que se puder, escolhe o português, por causa desse gosto extra de fazer parte de uma organização que joga na "1ª divisão" e que é "da casa".

Não é o ser português que torna o grupo, um bom grupo. Isso depende de outros factores e não da nacionalidade. 
O que digo é que toda a gente gosta de vestir a camisola da casa, se puder.

Se acabas com a "e de portugal", acabas com um grupo que te pode dar esse gostinho extra.
Eu trabalho numa joint-venture que está em Portugal há mais de 40 anos e em que um dos parceiros é português. Apesar do meu empregador ser "estrangeiro", sinto um gosto extra por causa dessa herança de 40 anos.
Imagino que isto possa ser mais forte ainda para quem esteja numa edp, por exemplo.

"se escreves isto, tens de explicar qual é a vantagem de ficar em mãos portuguesas." 
Estudámos que, contas feitas, o proteccionismo traz menos benefícios económicos, é verdade. Porém, também é verdade que fora dos modelos, os mercados não são líquidos e que portanto os ajustes económicos para ficarmos todos melhores sem proteccionismo são muito difícies de fazer, ou por vezes impossíveis.
Acresce que ninguém acredita realmente que os estados não usam de medidas mais ou menos explícitas de proteccionismo.
Assim, não me parece sensato abdicar do controlo (por mais ténue que seja), de um sector tão vital para um país como a energia. Admito que talvez não haja outra solução possível. Mas a longo prazo é uma má escolha, ainda que a única que se possa tomar.

"Também tens de explicar porque é que a EDP há de passar a não pagar IRC (provavelmete pagará mais, dadas as melhorias de gestão)."
Foi só para aguçar o apetite... ;)

Queira responder e ensinar esta casa, que também é sua.

06 outubro 2011

iThank You.

Jobs's "dent" in our Time.

edp = energia de portugal?

Ontem acordei para o facto de que a EDP vai ser privatizada, muito provavelmente, até ao fim do ano. Dirão, com justiça, que ando a dormir de olhos abertos.
Acordei para esta realidade com um pontapé no estômago. Perder a soberania energética é, a meu ver, um erro estratégico. Além disso, 10% do IRC vem da EDP. No médio-longo prazo, estamos a hipotecar receitas.
E quando falo de soberania energética, não digo necessariamente que a energia tem de estar na mão do estado. Tem, isso sim, de estar na mão de portugueses. Não é isto que vai acontecer.

Concordo que se privatizem as empresas que vivem à custa de subsídios do estado. Correios, TAP, CP, Carris, etc...
A privatização dessas empresas-cratera, é um incentivo muito grande a uma melhor gestão. Mas a EDP não é uma empresa-cratera. É das melhores que temos.
Além de tudo isto, e como alguém comentou, quem sai da universade deixa ter um grupo português para o qual quer ir trabalhar. Nesse panorama, enfrentamos um deserto... temos a Sonae, a Jerónimo Martins e pouco mais... 

28 setembro 2011

Inventar(iar) as roças de São Tomé e Príncipe.


“Inventar(iar) as roças de São Tomé e Príncipe” é uma exposição itinerante de arquitectura que percorre as antigas estruturas agrárias de cacau e café que nos séc. XIX–XX estiveram na base do desenvolvimento territorial, patrimonial e económico desta pequena colónia portuguesa. Estruturada sob os momentos: “conhecer; compreender e percorrer” as roças de São Tomé, recorre a diagramas, fotografias e modelos tridimensionais para dar a conhecer não apenas a sua organização, programas e tipologias mas sobretudo a sua memória, herança e identidade. Irá integrar no presente ano a VI Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe, dedicada ao tema Património, tendo como objectivo reflectir e encontrar medidas de requalificação do seu património cultural e histórico que levem à consequente valorização de um modelo ímpar no panorama do património agrícola mundial. A exposição surge como continuidade ao trabalho de inventariação e investigação iniciado pelos Arquitectos Duarte Pape e Rodrigo Rebelo de Andrade no ano de 2007.

27 setembro 2011

Um Estado que proíbe a cruz na parede também não é neutro.

Entrevista de António Marujo a Joseph Weiler
in Público, 2011-09-27


Judeu convicto, especialista em Direito Constitucional, Joseph Weiler defendeu perante o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos o direito de a Itália ter crucifixos nas paredes das escolas e o direito da França a não os ter. E diz que esse pluralismo europeu é que é bom. Ganhou por 15-2.

Tinha acabado cinco horas de aulas, pediu apenas um prato de batatas fritas, que foi petiscando enquanto conversava. Joseph Weiler, nascido em 1951, é um judeu convicto. O que não o impediu de defender a possibilidade de haver (ou não) crucifixos nas paredes das escolas. Virou a opinião do tribunal, dos anteriores 17 a favor de retirar os símbolos religiosos da parede, para uns claríssimos 15 contra. Apenas dois juízes mantiveram a decisão anterior. E adverte: nem a Itália nem a França são neutros em matéria religiosa. Mas ambos devem educar para o pluralismo.

Especialista em Direito Constitucional europeu, Weiler é professor da Católica Global School of Law, da Universidade Católica Portuguesa, e, por isso, vem a Portugal várias vezes por ano. Tem publicado Uma Europa Cristã (ed. Princípia). E publicará, até final do ano, um livro sobre o processo que condenou Jesus à morte. Nele defende que "o sentido de justiça, na civilização ocidental, provém do julgamento de Jesus", explica ao P2. O Papa disse, no seu último livro, que os judeus não foram responsáveis pela morte de Jesus. Weiler, judeu, irá dizer o contrário. E explicar porquê.

21 setembro 2011

vígilia da vitória.

e quando a onda vem,
você vai superar.
o que é que ela tem, 
se é do mesmo mar?

nem só de doutores vive a Cidade.

"[...] o capital humano não se adquire apenas na escola.  Adquire-se viajando , lendo livros, frequentando museus, aprendendo os códigos institucionais das empresas através da permanência num posto de trabalho, aprendendo os segredos de uma profissão, e de muitas outras e diversas maneiras. [...] É evidente que a educação formal representará sempre uma parte do capital humano disponível em cada sociedade e economia, mas não há razões para acreditar numa simples relação mecânica entre mais educação e mais capital humano. E este não pode ser subsumido no conceito de educação formal ou escolar.
[...] Em suma, não é seguro que o crescimento da educação seja a receita mágica para o aumento da produtividade da economia. Muitas outras condições são essenciais para o efeito.

in AMARAL, Luciano; "Economia Portuguesa - As Últimas Décadas",Capítulo II - Crescimento Económico; Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2010

15 setembro 2011

Cátedra do Umbigo.

obtido no ma-schamba
Idiossincrasia: "característica de comportamento própria de um grupo ou de uma pessoa; temperamento", in diccionário Porto-Editora

Ou se quiserem, uma idiossincrasia é uma espécie de cátedra do umbigo. É uma ideia concebida na nossa cabeça. Uma determinada concepção do mundo que não é necessariamente próxima da realidade. O tuga tem duas: a de que "alguém tem de vir endireitar isto, por isso é só esperar"; e a de que "lá fora é que é!".

Já vamos em boa hora de acordar. O estado não é avó nem o cidadão neto mimado. A troika não é babysitter nem me parece que traga um biberon milagreiro. Não traz de certeza um daqueles biberons-poço-sem-fundo.

A cidade não será construída por uma espécie de mordomo-salvífico que vai aparecer lá naquele monte ao som do canto da águia. A cidade está em cada um e torna-se comunidade na medida em que todos saírmos à rua de cabeça erguida para trilharmos os caminhos individuais que nos esperam, com o que temos e o que nos falta. É assim que se forjam as grandes nações.

Por isso senhoras e senhores, lamentamos informar, mas D.Sebastião, Deus o tenha, já morreu. Ficou lá nas areias de Quibir, com as espadas dos reis antepassados. Que tal pôr esse bum-bum a mexer?!

falam, falam, falam...


[...] Ao mesmo tempo cabe perguntar se não apresentam [os diagnósticos e soluções para o mau desempenho da economia portuguesa na última década], um caderno de encargos demasiado vasto e, por isso mesmo, impossível de concretizar. Por um lado parecem exigir a Portugal que realizem o melhor de todos os mundos: como se o país devesse possuir a administração pública escandinava, a indústria automóvel alemã, a indústria têxtil italiana, o mercado de trabalho holandês ou a I&D (Investigação e Desenvolvimento) americana. A verdade é que a Itália não possui a administração pública escandinava, a Alemanha não possui o mercado de trabalho holandês e que a Holanda não possui a I&D americana. E também é verdade que a administração pública portuguesa é mais eficaz do que a italiana, que o mercado de trabalho português é menos rígido que o alemão e que a conflitualidade judicial é menor que nos Estados Unidos.
[...]
Um problema adicional do tipo de explicações de que estamos a falar é disparar em todas as direcções, sem hierarquizar prioridades.


in AMARAL, Luciano; "Economia Portuguesa - As Últimas Décadas",Capítulo II - Crescimento Económico; Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2010



08 setembro 2011

TIME

as 4553 capas da revista TIME '23-'09
Esta revista produz um certo fascínio. Pelo impacto que teve, pelo actual que se mantém, por ser possível contar uma história do século XX indo de capa em capa.
Esta revista mudou a maneira como se fazem revistas. Inventou um estilo de escrever artigos, inventou uma maneira de desenhar capas que se tornaram ícones. É uma powerhouse de jornalismo de qualidade.
Esta revista foi fundada em 1923 por Briton Hadden e Henry Luce, os dois com 25 anos.

06 setembro 2011

sobre os novos totalitarismos.


Uma polícia do pensamento?
Sol-on-line 5 de Setembro, 2011
por José António Saraiva

"Abri o meu email e não queria acreditar: estava positivamente inundado de correspondência enviada por pessoas que eu não conhecia, insultando-me pela crónica Dois Maridos, publicada neste espaço há 15 dias.
A correspondência dividia-se em três categorias.

Os emails mais benévolos continham lições de moral, considerando o dito artigo homofóbico e contrário à igualdade entre os seres humanos. E uma leitora até dizia que o texto era «racista» e que incitava à «violência sobre as mulheres». Extraordinário!

Havia, depois, os emails simplesmente insultuosos, quase sempre com amplo recurso a palavrões, chegando a desejar-me a infelicidade e a morte – a mim e aos meus familiares!

Um terceiro grupo era composto por emails sem qualquer texto escrito – e que, no espaço destinado ao Assunto, tinham uma referência depreciativa: «Vergonhoso», «Atrasado mental», etc.

Havia finalmente um, endereçado por um jornalista estrangeiro, que me ameaçava com a Justiça internacional e uma eventual pena de prisão!

‘Só me faltava esta’, pensei eu, que já fui julgado umas 100 vezes por alegado abuso de liberdade de imprensa e passo a vida nos tribunais e nas secções de Justiça a prestar declarações.

Percebi, entretanto, que uma comunidade gay tinha feito circular o texto entre os seus membros, com o pedido expresso de enviarem ao autor um email ofensivo. E no Facebook circulava um abaixo-assinado incitando a um boicote activo ao SOL e ao seu director, que tinha cerca de 1.000 adesões.

Ora qual fora o meu crime, para suscitar tamanho repúdio e ataques tão violentos e grosseiros?

Basicamente, manifestar-me contra o casamento gay.

Numa crónica que eu pretendi que fosse ligeira e descontraída, ilustrada por uma imagem do filme Dona Flor e Seus Dois Maridos, comentava-se a suposta cena de violência conjugal entre o ex-deputado do PSD Jorge Nuno de Sá e Carlos Marcano, referiam-se as dificuldades semânticas que um casamento gay levanta (por exemplo, numa relação entre dois homens devemos chamar ‘maridos’ a ambos?) e reafirmava-se a ideia de que a palavra ‘casamento’ deveria ser reservada à união entre um homem e uma mulher, ou seja, ao acto fundador de uma família.

Não era um texto pesado nem doutrinário, e muito menos radical. O desacordo relativamente ao casamento gay não é uma posição original e, até mais ver, é legítima. Ou não será? Já não existe o direito de discordar da lei que admitiu a extensão da palavra ‘casamento’ à união entre dois homens ou duas mulheres?

Enchi-me de paciência e decidi responder personalizadamente a cada um dos emails. Entendi que era meu dever enviar uma palavra directa a todos que me tinham escrito, mesmo os mais grosseiros. Levei uma noite inteira a fazê-lo, e as minhas respostas agrupavam-se em três categorias.

Aos que não escreveram texto nenhum, e apenas preencheram o espaço do Assunto, agradeci o facto de se darem ao trabalho de me escrever mesmo sem terem nada para dizer.

Aos que me insultavam com palavrões ou me desejavam a morte expliquei que os insultos dizem muito sobre quem os profere – mas não dizem absolutamente nada sobre o destinatário. Ora os autores dessas mensagens tinham deixado uma péssima imagem de si próprios.

Aos que me davam lições de moral – acrescentando invariavelmente que aquele texto não devia ter sido publicado – procurei explicar-lhes o que significa a palavra ‘tolerância’. Informei-os que publico semanalmente no SOL diversos textos com opiniões contrárias às minhas, já tendo publicado artigos a defender o casamento gay. E interpelei-os directamente: «Se o leitor estivesse agora no meu lugar, publicaria o meu texto?». Esta pergunta é sempre, nestas polémicas, a pedra de toque. É ela que separa os tolerantes dos intolerantes, os democratas dos fundamentalistas.

Finalmente, expliquei ao jornalista estrangeiro que em Portugal houve censura durante 50 anos, que agora vivemos em democracia – e que o SOL é um jornal plural, que respeita a liberdade de opinião e a diversidade de pontos de vista.

Não percebo por que razão a homossexualidade tende a tornar-se um tema tabu, que não pode ser discutido e sobre o qual não é permitido opinar.

Não percebo – e não aceito. Nunca me verguei às conveniências e ao politicamente correcto – e não seria agora que o começaria a fazer. Sou totalmente contra o casamento gay, já expliquei detalhadamente porquê e reivindico o direito de ter opinião sobre este assunto e de a expressar. Será que alguns querem instituir uma nova Polícia do Pensamento? Querem reacender-se as fogueiras da Inquisição?

Hoje, em Portugal, escreve-se sobre tudo: sobre a liberalização de todas as drogas, sobre a eutanásia, sobre as vantagens das centrais nucleares, sobre a legitimidade do aborto, até sobre a reposição da pena de morte – e não se pode contestar o casamento gay? Porquê? Com base em quê?

Há muitos anos o meu pai, já em ruptura com o PCP, escreveu no Diário de Lisboa um longo artigo sobre África que incomodou os comunistas. Respondeu-lhe um jornalista chamado António Rego Chaves, militante ou simpatizante comunista, que acabava assim o seu texto: «Senhor doutor, deixe-nos em paz!».

Numa admirável resposta, o meu pai dizia-lhe o seguinte: «Faço-lhe a justiça de pensar que, ao tomar a iniciativa de comentar o meu artigo, a sua paz irreversivelmente acabou». Tinha razão. Uns tempos depois este jornalista afastar-se-ia do PCP.

A todos os que me atacaram, mesmo aos mais agressivos, aos mais grosseiros, aos mais insultuosos, eu digo o mesmo: «Faço-lhes a justiça de pensar que a minha resposta os leve a reflectir um pouco sobre a sua atitude. Ao verem que alguém lhes pode responder civilizadamente a um insulto, isso constitua para eles uma lição». Acredito nisso – e foi por isso que a todos respondi um a um.

Uma reflexão, para finalizar.

Na nossa Civilização, a palavra ‘casamento’ tinha um significado preciso. Por que se insistiu em estendê-la a outro tipo de relações? Eu digo: por razões ideológicas. Exactamente para significar que as uniões homossexuais são exactamente iguais às uniões heterossexuais. Só que eu acho que não são. Que são diferentes – e portanto não deveriam usar a mesma palavra.

Ora, se os gays tiveram o direito de defender o seu ponto de vista, eu não terei o direito de discordar? Ou a lei que legalizou os casamentos gay ilegalizou simultaneamente as opiniões contrárias?"