04 abril 2017

Rastilho para a semana.

Isto não está para filhos e outras impossibilidades.
no essejota em 2013 (no TMB hoje e revisto)



Reza a lenda que um dia soava lá do alto, no meio do bater de espadas e homens, o chamamento incessante "Lembra-te! Lembra-te! Chama a ti de volta, aquilo que te faz lutar!"
A batalha ia longa e feroz e os flancos tinham começado a ceder. Sentia-se o medo a quebrar a força dos punhos. No meio do combate, ele olhou para cima e lá estava o rei no penhasco - imponente, a bradar aos quatros ventos uma e outra vez: Lembra-te! Lembra-te! Chama a ti de volta, aquilo que te faz lutar!
Cá em baixo, entregue à luta e ao risco ele rezava - "Lembra-Te, lembra-me! Daquilo que me faz lutar. Não me deixes agora."....

Esta lenda podia existir, mas não existe. Não faz mal. Os The Walkmen trataram de compor a Heaven e de lançar um albúm com o mesmo nome. Depois promoveram esse albúm com uma sessão fotográfica centrada na família. Este último ponto vai dar jeito mais à frente.

Vivem-se tempos de aperto, constrangimento, angústia e incerteza. Dita o senso comum que não se acredite em crescimento, florescimento ou estabilidade; que não se pense em lançar negócios, mudar de vida ou profissão; que tudo isso é impossível; que isto não está para filhos. Só que o senso comum raramente diz coisas de jeito.

É claro que não resulta andar pela vida com um par de sapatos da Dorothy para resolver tudo. "Pensamentos positivos atraem coisas positivas" é chiclete esotérica. Não é disso que quero falar e os Walkmen também não.

Heaven e o seu refrão são um aviso, uma chamada à atenção. São a voz que soa firme no penhasco e que manda recordar as razões que nos fazem querer um dia depois do outro e depois desse o a seguir e nesses todos ver a criação e o Criador. Sim, Heaven e o seu refrão centram-me no essencial para me empurrar lá para fora logo a seguir.
Remember, Remember!
All we fight for!

Tempos impossíveis são tempos até de filhos! Lutemos por isso, por essa vida impossível. Por esse dizer que o mundo é bom e faz sentido mesmo que o mundo, sentido com a ideia, devolva cínico o ar incrédulo de quem tem medo de acreditar.
Que não me falhem as forças e a Graça de viver na impossibilidade.