30 março 2012

inspirational friday #7


"keep your head up, keep your heart strong."



enquanto o comboio passa,
pare, escute e olhe,
sinta, veja e oiça.
ganhe tempo.

23 março 2012

inspirational friday #6


"car ma vie, car mes joies
aujourd'hui, ça commence avec toi"


enquanto o comboio passa,
pare, escute e olhe,
sinta, veja e oiça.
ganhe tempo.

a caminho.

agora vamos juntos.
agora somos dois.
assim muito juntinhos,
é piroso, e depois?!


agora vamos juntos.
um e dois e dois e três.
um passo depois d'outro,
assim de fácil, não vês?


já pus os guardanapos,
traz o sumo e a geleia.
vou ali buscar os pratos,
é domingo, casa cheia!


já é depois e lado de cá,
e a rima está quase no fim...
eu espero se fôr primeiro,
espera lá, também, por mim.

inspirational friday #5








gloria in excelsis Deo

enquanto o comboio passa,
pare escute e olhe,
sinta, veja e oiça.
ganhe tempo!
Assim, até ao fim!

Brevemente, num verão perto de si.

22 março 2012

ela disse que sim        او گفت: بله        
she said yes        เธอบอกว่าใช่        ella dijo que sí        اس نے کہا جی ہاں         
ha detto que si        Яна пагадзілася        hun sagde ja       
 ütles jah        powiedziała tak        zij zei ja        ఆమె అవును చెప్పారు       
hän sanoi kyllä        उसने हाँ कहा     
   рече таа да        akasema ndiyo        היא אמרה שכן        
eίπε ναι        Sie sagte ja        dixit etiam 

assim, com quatro heróis e um anel, em Paris.
nunca como hoje, faz esta música tanto sentido.
"ya esta en el aire girando mi moneda.
y que sea lo que sea!"

20 março 2012

teacher turned rockstar

http://www.iguessimfloating.net 
Vampire Weekend frontman Ezra Koenig's students recall playing pranks on the future rock star 

What does Vampire Weekend frontman Ezra Koenig have in common with Sting and Gene Simmons? It's definitely not a shared sense of style. But like Sting and Simmons, the cardigan-and-Top-Sider-sporting 23-year-old spent a year as the antithesis of the flashy, rule-breaking rock star: a teacher. 

Before belting out tunes like "Oxford Comma" and "A Punk" in front of sold-out crowds and landing on the cover of Spin — along with bassist Chris Baio, keyboardist Rostam Batmanglij and drummer Chris Tomson — Koenig was juggling band practice and performances with a day job as an eighth-grade teacher at Junior High School 258 in Brooklyn, New York. 

"It was a pretty hectic lifestyle," Koenig said. "I mean, [being a full-time musician] is a hectic lifestyle too, but to teach all day, then go record or try to, you know, play a show, and then wake up and go to work again was pretty difficult." 

Koenig's students didn't make life any easier for the recent Columbia University grad, who landed the job in the rough school through Teach for America. Upon first glance at Koenig's boat shoes, members of his English class knew their new teacher would be the butt of jokes and the victim of pranks, recalls Koenig's former student, 15-year-old Quraan Jones.

"We would call him Peter Pan, Spider-Man, Ashton Kutcher, every name in the book," Jones laughed. The students were surprised that the man standing before them not only ditched the quintessential teacher wardrobe, but also looked young enough to be in a class with them.

"I couldn't believe he was my teacher, because it looked like he just got out of high school," said Isaiah White, 15, another former student.

Despite the students' countless attempts to push Koenig's buttons, Jones says that for the most part, he was a "laid-back" teacher who formed bonds with students and managed to win the class over by the end of the year. He even shared some well-guarded secrets with a chosen few.

"Towards the end of the year, I would stay after class with him, and we spoke and he told me, 'Oh, I'm like 23. Don't tell anybody!' " said Jones.

Along with concealing his age, Koenig also tried his best to prevent the class from finding out that he was a member of a band that was already beginning to generate buzz online.

"I guess there were a few times where I had to bring a guitar to school, so even just the fact that I played guitar impressed some of the kids," Koenig said. "And then from there, I guess, you know with Googling and stuff, some of the kids found [the band's MySpace page]."

But Jones doesn't remember the class' reaction to Koenig's guitar-strumming in quite the same way.

"He would bring [his guitar] from time to time and practice in class, and then we would be like, 'You're wack!' and then play jokes on him," Jones recalled.

During one of their hangout sessions after school, Koenig finally came clean to Jones about his rock-and-roll dreams.

The few students who knew about Koenig's other life couldn't picture him anywhere else but in a classroom and doubted that the same teacher they played tricks on would ever find fame.

"When I first saw him on MTV, I was really shocked and surprised," said White. "I couldn't believe it was him."

But maybe all of the paper-ball fights, gum on his chair and objects thrown at his hair prepared Koenig for equally unforgiving rock-club audiences. Eventually, Koenig's students also became his fans, posting comments of support and encouragement on the band's MySpace page. Thanks to a special invite by their onetime teacher, Jones and White even attended a Vampire Weekend concert.

"One day, he called me and told me, 'Oh, I'm going to have a show. Come here,' " Jones said. "So when I came, I listened to his music, and I thought it was good."

In the fall of 2007, a deal with XL Records cut short Koenig's teaching career. But despite the fact that Vampire Weekend were a featured artist on MTV, made the Billboard top 20 and appeared on "Saturday Night Live," Koenig's students refuse to see their former teacher as Ezra, the rock star.

"I still see him as the same Mr. Koenig," Jones said. "I still have that thing in my mind that this is the same man we threw paper at, wrote on his shirt and put gum on his chair."

Amo a humanidade (e mato recém-nascidos nos intervalos)

por Henrique Raposo

Adoro aquela personagem que ama a Humanidade enquanto despreza todos os homens em concreto. Adoro encontrar este figurão nos livros e na vidinha. Adoro a maneira como enche a boca com o Bem Comum enquanto olha com rancor para as pessoas em seu redor. Aqui no bairro, há um assim. Está sempre no café a perorar sobre Justiça Social e não sei quê, mas depois é incapaz de ajudar seja quem for. Até pinga, aquele desdém, aquele ódio por gente de carne e osso. Mas é uma situação compreensível, coitadinho. No fundo, ele é um mártir. Amar a Humanidade em abstracto é uma cruz pesada. Quem ama a Humanidade não tem tempo para os vizinhos. 

No mundinho dos livros, o meu mártir favorito é o utilitarista James Mill, esse sujeito que fazia textos sobre o Homem enquanto esmurrava o seu filhinho, John Stuart Mill. E, como todo o vaso ruim, James Mill deixou descendência intelectual. Hoje em dia, a enternecedora chama do utilitarismo é carregada por Peter Singer, um dos mais respeitados filósofos da actualidade. Como se sabe, Singer tem partido a cabeça a pensar numa ética universal para toda a Humanidade. Por outras palavras, Singer tem a pretensão de criar uma única lei para todos os homens do planeta. Do planeta, atenção. Do mundo. Da Terra. O facto de existirem dezenas de culturas e centenas de países é um pormenor sem importância. Porquê? Porque, ora essa, é tão bom colocar o globo na mão esquerda enquanto a mão direita faz onanismos ideológicos. Ai, a Humanidade. Ai, o Homem. Que se lixem os chineses, indianos, brasileiros, sul-americanos, russos, japoneses, etc. O que seria do intelectual ocidental sem este namoro com a Humanidade?

Ora, este homem tão preocupado com a Humanidade é o mesmo que defende o infanticídio de recém-nascidos. Como recordou Manuel António Pina há dias, Singer admite, em nome do mais radical neo-utilitarismo, "o direito a matar recém-nascidos deficientes profundos cuja sobrevivência fosse expectavelmente origem de infelicidade para o próprio e família". Peter Singer, homem de Esquerda, homem de Progresso, homem da Humanidade, acaba por defender uma coisa que deixaria Hitler com um sorriso nos lábios. Se seguíssemos este raciocínio até ao fim, teríamos de matar os velhos doentes. Aliás, estou desconfiado que não deve faltar muito para surgir um artigo mui científico a propor o velhicídio, tal como surgiu há dias um artigo que defendia o infanticídio de recém-nascidos (mesmo sem deficiência). A história muda, mas as personagens ficam: o amor pela Humanidade, essa virgem pura e abstracta, esconde sempre um enorme desprezo pelos seres humanos em concreto. 
Jão
o semeador de horizontes

16 março 2012

inspirational friday #4


"I found love darling, love in the nick of time"



enquanto o comboio passa,
pare, escute e olhe,
sinta, veja e oiça.
ganhe tempo.

13 março 2012

Estrato-Lego!

Um empresário decidiu apostar na ideia de um jovem romeno, de 18 anos, que criou uma réplica de uma nave espacial, mas com peças de Lego. “O meu nome é Raul Oaida (da Roménia) e esto é o meu tributo ao fim da era das naves espaciais da NASA. Venho provar que apesar de antiga, esta máquina ainda pode voar, mesmo em forma de brinquedo”, refere o jovem no seu blogue.
A 31 de Dezembro de 2011, Raul enviou a pequena nave que foi rastreada via GPS. O engenho criado, em três dias, com 180 peças Lego e super cola, foi enviado para a estratosfera durante várias horas. Com a ajuda de um balão de hélio gigante, uma câmara de alta definição e um localizador por GPS, Oaida registou o voo a 35 quilómetros de altitude.

No entanto, como teve dificuldade em conseguir uma autorização pelas autoridades de controlo aéreo, teve de ir para a Alemanha para realizar o projecto financiado pelo empresário australiano Steve Sammartino, que conheceu pela internet e que se dispôs a financiar a experiência.

O jovem romeno é fascinado por viagens espaciais.

Epicteto e o bom orgulho.

por Simão Lucas Pires

O orgulho tem o problema da impertinência: só não entra em cena quando o deveria fazer. E daí decorre grande parte da trapalhada ética em que estamos metidos. Quem contribui para pôr isso a nu é Epicteto, filósofo estoico do século I. Trata-se, para mal da sanidade moral da humanidade, de um pensador caído no esquecimento. Em Portugal, de modo particular, é difícil encontrar algum livro ligado ao seu nome. É pena: Epicteto é o melhor remédio contra a tendência de viver refém do que acontece, contra a doença de querer que seja o mundo a fazer as vezes de mim. Lendo o “Manual”, o livro no qual um discípulo seu reuniu os ensinamentos do mestre, a surpresa de raramente ter ouvido falar deste filósofo impõe-se por si. Como se pôde afastar do cânone um génio de imagens tão simples e de uma seriedade tão clara?

O “Manual”é uma proposta de transformação existencial, dividida em várias sugestões de ordem prática. Certos pontos ligados ao projeto estoico de alcance da impassibilidade parecem bizarros e até pouco razoáveis aos nossos olhos. Mas o núcleo da transformação em causa é válido para todos. Epicteto compreendeu, antes de mais, que a vida é sempre a habitação de uma pergunta. E a pergunta-rainha, aquela que se senta no trono que existe ao fundo da solidão de cada um, costuma ser: «mundo, o que é que me ofereces?» Sob diferentes formas, formas até respeitáveis como o entusiasmo no amor e o sucesso no trabalho, é esta vontade de arrancar bens à existência que reina. Aquilo a que se costuma chamar a procura da “realização pessoal” – e parece que, ao pronunciar a expressão, tudo se torna mais lento e um feixe de luz entra pela janela. O problema é que este desejo, apregoado em todo o discurso pós-moderno, elevado até ao estatuto de direito, não é tão cândido quanto certas bocas dão a parecer. Não prestamos nenhuma atenção ao que esta ditadura da realização pessoal faz de nós, mas a verdade é que corresponde a maior parte das vezes à aniquilação da liberdade e à renúncia a um rosto próprio. Se tudo o que faço é cobrar impostos à vida, quem é que eu sou? Se a medida dos meus gestos não estica para lá da felicidade recebida em troca, não sou apenas um escravo, um miserável e sofisticado escravo da sensibilidade? A primeira lição de Epicteto tem que ver com isto. Uma identidade hipotecada à passividade não é nada; um homem cuja vontade se rendeu às inclinações não é ninguém. Sem espalhafato, em conformidade com as regras sociais e sem olhar de frente o que andamos a fazer, é muitas vezes essa a via que percorremos. Como Dorian Grays de medida quotidiana, como Dorian Grays de roupão e pantufas, deixamos a verdade no sótão para ir atrás de outra coisa qualquer.

Pois Epicteto, perspicaz na compreensão da violência assim perpetrada contra a dignidade do homem, propõe uma atitude diferente: «É um homem belo, uma mulher bela que atinge o teu olhar? Encontrarás a continência. É o cansaço que se impõe? Encontrarás a resistência. Insultos? Encontrarás a paciência.» Há uma inversão no que diz respeito à relação com os acontecimentos. A pergunta fundamental deixa de ter a ver com o que recebo, com o que “sinto”, e passa a ter a ver com o que “sou”. As coisas são a oportunidade de eu ser maximamente, de eu ser o melhor possível. É importante perceber que não se trata aqui de nenhuma obsessão moralista. Epicteto não inventa esta nova pergunta; limita-se a olhar para ela, para esta pergunta à qual, querendo ou não, estou sempre a responder. Eu sou aquilo que faço. Não querendo entrar em formulações metafísicas demasiado aéreas, há que ter como ponto assente que fazer é o ser a ser. Fazer é o ser a mostrar-se, o ser a sair à rua, e não apenas uma excrescência qualquer que se me acrescenta sem borrar o meu rosto. Talvez esse seja o maior mal-entendido na compreensão espontânea da ética: julgar que as minhas ações são uma coisa à parte da minha identidade. Esta é uma ideia que se apodera de nós com muita facilidade. Quando penso em mim, penso em quem? Penso no escritor que escreve os livros que eu nunca escrevi. Penso com a imaginação, não com o que os factos de facto dizem. Penso numa possibilidade – penso em algo que não sou. Todos os conselhos de Epicteto, no estilo sóbrio e exigente que lhe é próprio, visam, em sentido contrário a esta tendência deturpadora, focar a atenção naquilo que realmente se é ao fazer o que se faz. Ao centrar o seu discurso na liberdade, na circunstância de a liberdade ser o único âmbito onde pode estar constituído o significado da minha vida e uma identidade digna desse nome, o filósofo mostra que a tática com que normalmente jogamos é, numa palavra, má.

Percebemos, no fim de contas, que tudo é uma questão de “bom orgulho”. O “Manual” põe-nos à frente do nariz a escolha entre ser uma marioneta sofisticada ou um homem, e não é difícil imaginar qual dos lados é que defende. Tenho quase a certeza de que Epicteto, se os céus lhe concedessem uma visita a Queluz, gostaria da ironia venenosa da canção do Tiago Guillul na qual se diz que o “mundo é o pretexto para o passeio do turista.” É precisamente contra esse passeio afetado, arrogante e fingidamente distraído em relação à profundidade das coisas que o estoico se insurge. O turista é a criatura ridícula que experimentou tudo e não foi ninguém, percorreu o mundo inteiro e esqueceu-se de si. O homem livre não.

12 março 2012

ADSUM                            AMDG


o tá muita bom nasceu no dia em que percebeu que pertence ao Pai.
o tá muita bom aprendeu isto ao colo de Sua Mãe.
o tá muita acredita que tá muita bom porque Ele está em todas as coisas.
o tá muita bom sabe que a vida é um milagre.
o tá muita bom conhece bem a dor mas também experimenta a consolação.
e quando isso acontece, quando isso acontece tudo muda.
o tá muita bom é do Pai, e isso tá muita bom.
ADSUM    AMDG


amo-te assim,
dona da luz
num para sempre de Jesus

telegramas filosóficos nº2

Pergunta: Porque é que sobre a humildade, este senhor disse "Follow Jesus and Socrates"? Porquê Socrates?
Resposta: Sócrates porque era um boss. Procurava a verdade acima de tudo, sem ter medo de andar às escuras muitas vezes. Foi condenado à morte injustamente mas não fugiu por coerência e tal...só sei que nada sei e coiso...

p'la telegrafista que tem uma coisa a dizer.

telegramas filosóficos.

Pergunta: O que é uma lógica utilitarista?
Resposta: Lógica utilitarista diz que a boa acção é aquela que produz o maior grau de felicidade para o maior numero de pessoas. Felicidade = prazer ou bem estar. é a lógica que sustenta praticamente toda a moral, economia e politica de hoje...mas é perversa e n funciona, por razões que podemos conversar qq dia. 


p'la telegrafista que tem uma coisa a dizer.

09 março 2012

inspirational friday #3


"love, it will not betray you, dismay or enslave you, it will set you free
be more like the man you were ment to be."





enquanto o comboio passa,
pare, escute e olhe,
sinta, veja e oiça.
ganhe tempo.

08 março 2012

Dia Mundial da Mulher.

+
Neste dia, neste momento, neste palco tão especial que é o Dia Mundial da Mulher, o Tá Muita Bom em associação com os Flight of  The Concords, brinda a todas as esplenderosas, poderosas, radiosas e talentosas Mulheres que vivem e nos fazem viver por esse mundo fora!

Cheers!!!

O baloiço deu na veia!

trike drifting.

07 março 2012

Fantastic Wood Etchings of Mitch Hedberg Quotes
 OU
tempo livre a mais...




da carmencita e o fadisteco: a carmencita.

a carmencita é em bruto. uma meia-cigana bonita e terrivelmente desperta, olha fundo como mais ninguém sabe, e fala rouca e à boca cheia, como ela diz. tem os cabelos sempre soltos e grandes e uns brincos enormes e belíssimos, que abanam um bocadinho com os jeitos da cabeça. fala de amor como quem faz renda, de tantas vezes que já se apaixonou. já lhe vi o coração partido, e era triste como restos de lume morto, frio, numa manhã cinzenta. fugiu dos pais quando era pequenina e conhece bem as veias de lisboa. não tem medo de quase nada, não tem medo, por exemplo, de dar a mão às pessoas. a carmencita, se não tivese nascido aciganada, seria afectuosa ou talvez até ternurenta. mas o seu sangue corre depressa demais. ri muito alto, chora muito alto, enerva-se com as coisas mais pequenas, e quando se apaixona, a carmencita toda reluz: os cabelos mais brilhantes, os olhos mais fundos, as mãos mais expressivas, as saias mais rodadas. a carmencita reza de joelhos, todas as noites, à beira da cama: “Oh Meu Deus ___” e suspira. quando se sente especialmente devota, reza o terço com umas contas da avó, gastas, que tem guardadas num saquinho de couro, ao lado da imagem de s. francisco.

a carmencita é uma mulher de armas. um dia um fadisteco desses que canta em duas ou três tascas duvidosas quis enganá-la com cantigas. ela avisou-o “Vou dar-te muito trabalho”. já passaram muitos meses, e continuam ele a dar-lhe cantigas e ela a dar-lhe trabalho. “mas às vezes trocamos…” disse-me ela hoje “e quem me dá trabalho é ele a mim”. não consigo dizer se a carmencita está arrebatada. se é desta. não sei porque é que, nem como é que eles, passado tanto tempo, continuam – não sei se ‘juntos’ é a palavra mais certa…um com o outro, pelo menos. mas aí estão eles, a fazer tremer as nossas teorias sobre relações, comunicação, e outras modernices.

“o amor”, diz a carmencita, “não é nada complicado. ou se gosta e pronto, ou não se gosta e pronto.”»


Assim, livre. coração entregue e mundo à espera. A fazer porque quer, nunca refém das poeiras. Senhora das coisas da vida que doem. Nunca senhorita de estimação, de dorezinhas e encostos predilectos. Forte e digna, simples e bondosa. E quando quer, serena e doce ternura de colo.

Kony, o sanguinário.




"Quando vivi no Uganda o país passava por um dos inúmeros processos de paz entre as forças governamentais e um líder rebelde chamado Joseph Kony, do LRA (Lords of Resistence Army), um grupo de terroristas sem causa aparente e que mantém um conflito com Kampala desde há 30 anos, logo após Idi Amin ser instituido. Na prática, há pessoas no Uganda que não viveram um dia sequer das suas vidas sem ter a ameaça latente de perder um filho ou a própria vida num dos raides deste bando de assassinos cujo modelo de negócio é apenas mantanças, estropiamentos, violações e outro tipo de barbárie. Depois de Darfur, do genocídio do Ruanda, ou da guerra que ainda se mantém no leste do Congo ou na Somália, surge esta campanha para combater mais este assassino. Numa altura em que nos queixamos de coisas bem mais simples aqui na Europa talvez este video nos mostre que resolvemos mais e melhor os nossos problemas se nos centrarmos a resolver os problemas dos outros. Just do it!"

A.Vaz Pinto

05 março 2012




north    a real hero

nunca    early in the morning    ophelia

stop drop roll    keep your head up    sigh no more

meu amor é teu    oh my love    out of the blue

the night they drove old dixie down

los adolescentes




fantasist: North! The land of opportunity. Against all odds we'll reach it and then it will all be ok!
[the fantasist goes to sleep with the imaginings of comforting thoughts: (spoken like a real hero)]
[the slacker intervienes]
slacker: vai ser incrível...! Daqui a bocado já me levanto e arrancamos. Estas coisas nunca se fazem early in the morning ophelia! Já devias saber...
[the striver shouts]
striver: Stop! Drop it and roll out!!! You have to keep your head up!!! Never give up and you will sigh no more!
[the fantasist takes a long breath picturing himself stepping up to the plate, strengthened by the striver's words and poignantly bids farewell]
fantasist: Meu amor é teu! Oh my love, my love... I shall return someday out of the blue! Never forget the night they drove old dixie down!
[the intense moment passes. the slacker dismissively says after a pause]
slacker: humpf... estos huevones son como los adolescentes... siempre con la cabeza en otro lado... 'pasa na'a... tranquilo no mas... 


Porque é que o bébé há-de viver?

por Pedro Vaz Patto
juiz de direito

Muita polémica e indignação gerou a publicação de um artigo numa revista de ética médica (Journal of medical ethics), da autoria de Alberto Giubilini e Francesa Minerva, com o título O aborto pós- natal; porque é que o bebé há-de viver?. Nele se defende a tese de que é lícito matar um bebé recém-nascido. Não se fala em infanticídio, mas em aborto pós- natal, porque o bebé recém-nascido, como o embrião e o feto, não tem o estatuto moral de pessoa. Não basta ser humano para ter direito a viver. Só tem o estatuto de pessoa e o direito a viver quem é capaz de atribuir valor à sua existência porque formula objetivos (“aims”) para o futuro dessa existência e tem, por isso, interesse em viver. Quem não tem essa capacidade (como sucede com o recém-nascido, mas já não com alguns animais não humanos), não sofre qualquer privação ou dano quando morre. Pode um recém-nascido sofrer um dano quando a morte lhe causa dor. E pode ele ter algum valor moral quando os pais querem que ele viva. Mas se isso não acontecer, nada obsta a que se mate um recém-nascido, não só quando ele padeça de alguma deficiência (o que já sucede na Holanda, onde é, nesse caso, lícita a chamada eutanásia pós-natal) e a vida possa ser, supostamente, para ele um fardo; mas também quando ele, por qualquer motivo, represente um fardo, psicológico e económico, para os pais e a sociedade. Os interesses destes (pessoas actuais) prevalecem sempre sobre os de quem ainda não é pessoa e só o será potencialmente. Nas primeiras semanas após o nascimento, a criança não tem capacidade de ter objetivos (“aims”) para a sua vida. E mesmo quando, pouco depois, começa a ter essa capacidade de forma incipiente, esta ainda deve ceder perante a capacidade que têm os adultos de formular planos desenvolvidos para as suas próprias vidas. A morte da criança poderá, para os seus pais, ser menos traumatizante do que a autorização de adopção, porque neste caso a aceitação da realidade da perda definitiva pode ser mais difícil, pois não há a certeza da irreversibilidade e permanece a esperança do retorno. Quando assim for, é preferível matar a criança. 

A tese não é inteiramente inovadora (já havia sido defendida pelos influentes académicos Michael Tooley e Peter Singer), mas ainda não tinha sido exposta com tanta crueza, nem levada a consequências que muitos considerarão tão arrepiantes.

Deve reconhecer-se a coerência da tese: entre o embrião, o feto e o recém- nascido não há uma diferença de natureza, qualitativa ou substancial. A criança antes e depois do nascimento não é substancialmente diferente. Estamos apenas perante fases distintas de um processo de evolução contínuo. Mas isso deve servir para estender a ilegitimidade do infanticídio à ilegitimidade do aborto, não para estender a pretensa legitimidade do aborto à pretensa legitimidade de infanticídio. Até porque também não há saltos de qualidade no processo de evolução contínuo que vai do nascimento à idade adulta. A repulsa que espontaneamente tem causado esta tese (que revela como, apesar de tudo, permanece viva uma sensibilidade marcada pela cultura judaico-cristã e valores humanistas) quase dispensaria a tentativa de a refutar no plano racional. Estamos perante uma tese que é, antes de mais, contra-intuitiva. Mas não deixa de ser útil proceder a tal refutação.

Em coerência, a tese levaria ao absurdo de considerar que a perda da vida (como de outros direitos) não representa um dano para quem não tem consciência do mesmo, por estar temporariamente inconsciente (a dormir, por exemplo). Os autores do estudo respondem à objecção dizendo que nestes casos não há uma verdadeira incapacidade, mas uma simples privação temporária. Só que não se compreende a relevância dessa diferença. Será diferente ter a possibilidade de readquirir a consciência umas horas depois (como sucede com quem está a dormir), ou de a vir a adquirir alguns meses depois (como sucede com um recém-nascido)?

Ao pôr termo à vida de um feto ou de um recém-nascido não se está a privar estes de um interesse explícito e actual em viver, mas está-se a impedir (o que não é menos grave) que eles venham a adquirir esse interesse no futuro, como viriam a adquirir se não fosse impedido o seu natural desenvolvimento (nenhum de nós estaria hoje vivo se tivesse sido impedido esse natural desenvolvimento, o que representaria um inegável dano). A esta objecção, respondem os autores do estudo com um raciocínio falacioso, que assenta numa petição de princípio: dizem que quem ainda não tem o estatuto de pessoa (o que está por demonstrar), quem ainda não existe (o que não é seguramente verdade), não pode sofrer qualquer dano, e, por isso, os interesses das pessoas actuais prevalecem sempre sobre os interesses das pessoas potenciais. Mas o embrião, o feto e o recém-nascido, não existem apenas em potência, são já actuais, embora não tenham ainda actualizadas todas as suas potencialidades (o que sempre se verifica com a pessoa até à idade adulta, e até ao fim da vida).

A vida é o maior dos bens humanos e o primeiro dos direitos humanos, o pressuposto de todos os outros bens e de todos os outros direitos. Este é um dado objectivo. É assim mesmo que o seu titular não tenha consciência disso e disso não se aperceba. Se isso sucede, tal verifica-se porque há alguma debilidade devida à idade (do embrião, do feto, do recém-nascido, da criança), à doença ou à deficiência em graus extremos. Não é por causa de uma qualquer incapacidade ou debilidade que a pessoa perde dignidade, valor moral ou direitos. Pelo contrário, é precisamente nos casos de maior debilidade ou incapacidade que mais se justifica eticamente o cuidado dos outros e a tutela da ordem jurídica. Quem mais precisa de ser defendido é quem não é capaz de se defender por si próprio. É nesses casos que vale especialmente a advertência evangélica sobre o amor ao «mais pequeno dos meus irmãos». E também a regra de ouro comum a todas as religiões e correntes éticas laicas: «não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti» (a ti, que já foste um feto ou um recém-nascido e a quem ninguém impediu o natural desenvolvimento). Ou a advertência da nota, publicada a propósito deste estudo, do Centro de Bioética da Universidade Católica italiana del Sacro Cuore: «se não formos capazes de tutelar quem não é capaz de se auto-tutelar poremos fim à própria ideia de democracia tal como a reconstruímos depois das violências totalitárias».

The story of "keep calm and carry on".

02 março 2012

inspirational friday #2



"cause we made a promise 
we swore we'd always remember
no defeat, baby no surrender."





enquanto o comboio passa,
pare, escute e olhe,
sinta, veja e oiça.
ganhe tempo.

01 março 2012

Sangue Solto.

por Jacinto Lucas Pires
no essejota


Maria olha pela janela. Não parecia nada de especial. Caiu, chorou, calou-se. Mas depois ficou demasiado calado, tempo demais. Com um olhar diferente, de um pânico bem educado, como se tivesse acordado a meio da noite numa história de adultos, no museu dos brinquedos. No hospital descobriram que tinha sangue solto na cabeça. Puseram-lhe uns tubos finíssimos, disseram umas palavras inteligentes à mãe e ao pai, e ele não aguentou. Não parecia nada de especial, um miúdo pequeno a cair como todos os dias caem milhões de miúdos pequenos no mundo. O dela tinha de ser especial. Porquê, meu Deus? Pela janela da sala, Maria vê o que já viu demasiadas vezes. Não sabe o que procura. A estrada, a linha de comboio, o rio largo. Tudo tem outra coisa atrás. Tudo é falso, tudo contaminado, todas as coisas feitas de sangue solto. E, ao mesmo tempo, tudo tão monótono, tão plano, tão chato. 


Há manhãs em que se lembra daquele dia. Há dias em que diz o nome dele na sala vazia, depois do João Ricardo ir para a farmácia, depois de ter aspirado o pó, tratado da roupa e da loiça, e fica à espera. 


“Paulo”, diz. 


Não como se chamasse, como quem responde a uma pergunta. 


Um mês depois do enterro, Maria estava ali de pé a olhar pela janela e disse o nome do filho e Paulo, ou a sombra dele, uma imagem feita de reflexos, restos, um corpo, como é a expressão, translúcido, apareceu. Vinha do rio e atravessava o comboio e o trânsito sem ficar maior como tudo o que se aproxima nem se despedaçar como tudo o que queremos demais. De repente, Maria sente uma presença atrás, vira-se.


À entrada da sala, uma pessoa igual. Como é possível? Vestida com o mesmo fato de treino sujo que ela usa para as limpezas; o cabelo mal pintado e mal lavado, as mesmas olheiras negras. Será ela? Então quem é ela? Isto é, de onde é que ela-Maria olha aquela pessoa nova?


Com a leveza de quem anuncia uma baixa de preços no supermercado do bairro, a mulher diz: “De todos os mortos da eternidade, minha senhora, quem é que ressuscitaria?”