24 fevereiro 2013

Oscar's 85th.


Wings   •   The Broadway Melody   •   All Quiet on the Western Front   •   Cimarron   •   Grand Hotel   •   Cavalcade   •   It Happened One Night   •   Mutiny on the Bounty   •   The Great Ziegfeld   •   The Life of Emile Zola   •   You Can't Take It With You   •   Gone with the Wind   •   Rebecca   •   How Green Was My Valley   •   Mrs. Miniver   •   Casablanca   •   Going My Way   •   The Lost Weekend   •   The Best Years of Our Lives   •   Gentleman's Agreement   •   Hamlet   •   All the King's Men   •   All About Eve   •   An American in Paris   •   The Greatest Show on Earth   •   From Here to Eternity   •   On the Waterfront   •   Marty   •   Around the World in 80 Days   •   The Bridge on the River Kwai   •   Gigi   •   Ben-Hur   •   The Apartment   •   West Side Story   •   Lawrence of Arabia   •   Tom Jones   •   My Fair Lady   •   The Sound of Music   •   A Man for All Seasons   •   In the Heat of the Night   •   Oliver!   •   Midnight Cowboy   •   Patton   •   The French Connection   •   The Godfather   •   The Sting   •   The Godfather Part II   •   One Flew Over the Cuckoo's Nest   •   Rocky   •   Annie Hall   •   The Deer Hunter   •   Kramer vs. Kramer   •   Ordinary People   •   Chariots of Fire   •   Gandhi   •   Terms of Endearment   •   Amadeus   •   Out of Africa   •   Platoon   •   The Last Emperor   •   Rain Man   •   Driving Miss Daisy   •   Dances with Wolves   •   The Silence of the Lambs   •   Unforgiven   •   Schindler's List   •   Forrest Gump   •   Braveheart   •   The English Patient   •   Titanic   •   Shakespeare in Love   •   American Beauty   •   Gladiator   •   A Beautiful Mind   •   Chicago   •   The Lord of the Rings: The Return of the King   •   Million Dollar Baby   •   Crash   •   The Departed   •   No Country for Old Men   •   Slumdog Millionaire   •   The Hurt Locker   •   The King's Speech   •   The Artist

22 fevereiro 2013

Gozar com a fé Cristã - uma modernice com 170 anos.


por Henrique Raposo
no expresso, 22.02.2013


Quando surge na agenda um tema relacionado com a Igreja, o engraçadismo anti-cristão vem logo ao de cima e acaba por dominar a atmosfera das conversas e debates. Estou a falar daquele gozo permanente em relação ao Papa e cristianismo, em relação à própria fé. Não, não estou a falar de críticas e perguntas sérias e sólidas. Isso seria outra conversa, conversa com nível. Estou a falar do gozo fácil, do nariz empinado que nem sequer admite diálogo com o crente, estou a falar da piadola que se julga moderna. Mas será assim tão moderna? Em 1843, Kierkegaard iniciou o seu Temor e Tremor com esta irónica arrancada: "ninguém hoje se detém na fé (...) passarei, sem dúvida, por néscio se me ocorrer perguntar para onde por tal rumo se caminha". Ou seja, o nosso ar do tempo é uma velharia com, pelo menos, 170 anos. A crença na transcendência é um saco de boxe para a gozação cínica há mais de século e meio.
Moral da história? Os nossos modernaços, que gostam de transformar a fé num sinónimo de idiotice, não têm nada de moderno. São sucateiros de um ferro-velho mental.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/gozar-com-a-fe-crista-uma-modernice-com-170-anos

21 fevereiro 2013

O fascismo do Grândola Vila Morena.


por Henrique Raposo
Expresso, 21.02.2013

Sophia de Mello Breyner cunhou uma expressão engraçada para classificar as tácticas inquisitoriais dos companheiros de estrada do PCP: o "fascismo do anti-fascismo" . Esta intolerância de esquerda foi criada antes do 25 de Abril e, como é óbvio, conheceu o seu esplendor no PREC. Mas, volta e meia, a agressividade dos virtuosos reemerge. Nos últimos dias, por exemplo, têm caído alguns pinguinhos: meninos e meninas têm usado "Grândola Vila Morena" como forma de calar outras pessoas. Uma música criada para promover a liberdade de expressão foi assim transformada numa arma contra a liberdade de expressão.

Os novos cantadeiros do "Grândola Vila Morena" dizem que são anti-fascistas. Bom, sobre isso nada sei, mas sei que são bons aprendizes de fascistas. Têm todas as sementes do bicho. Em primeiro lugar, revelam uma total intolerância em relação ao outro lado; há que malhar na "direita" (assim mesmo: a "direita", um bloco compacto, monolítico, desumanizado, desprezível e espezinhável). Em segundo lugar, respiram e transpiram ódio, um ódio que escorre pelos cartazes, pelos rostos, pelas vozes. E, de forma mui fascista, esta malta tem orgulho nesse ódio. Aquilo que os define é o amor que têm pelo seu ódio, adoram odiar a "direita" ou seja lá o que for. Esta elevação do ódio à categoria de virtude é a marca do fascista, seja ele castanho ou vermelho. Em terceiro lugar, temos a consequência lógica das duas premissas anteriores: o culto da violência. Se a "direita" é espezinhável, se não vale a pena ouvir o outro lado, se o ódio é uma virtude que confere uma legitimidade superior, então a violência é legítima e não faz mal dar uns carolos no Relvas. Aliás, só faz bem dar uns tabefes no Relvas.

Para terminar, só queria dizer que gosto bastante deste PREC cantado. É que assim já não tenho de recorrer à história para explicar a profunda intolerância das extremas-esquerdas portuguesas . Agora basta-me apontar para o presente. Ela, a intolerância progressista e revolucionária, está aí, anda por aí. Até peço uma coisa: aumentem o volume da violência, continuem a mostrar que não sabem viver em democracia, que não sabem aceitar opiniões contrárias, continuem a ameaçar, continuem a ser fascistazinhos de vão de escada.

What kind of Pope should we elect?

Mais um golo do Catholic Memes. É bom não esquecer o papel do Espírito Santo. Se não houver espaço para o Espírito Santo, tudo se torna uma farsa irrelevante.


Defining Like a Boss - Francis L. Sampson.

Father (Major General) Francis L. Sampson, USA (February 29, 1912 – January 28, 1996) was a roman catholic priest from Archdiocese for the Military Services and an American Army officer who served as the 12th Chief of Chaplains of the United States Army from 1967 to 1971. Notably, his real life story of his rescuing a young soldier became the inspiration for the film Saving Private Ryan.

Brought to you by Wikipedia.

Teremos sempre a TVI.


Esteve a dar a gala da TVI.
Dizia o José Alberto Carvalho que não saberemos como será o futuro mas que continuará a ser preciso ter quem dê as notícias, o enquadramento e a interpretação.
É reconfortante saber que em 2033 poderemos continuar a contar com a TVI para nos dar o ponto de vista... da TVI. Notícias que é bom, é melhor bater a outra porta.

Acho que é isto que eles chamam jornalismo irreverente.


Agradecíamos que dessem só as notícias e um enquadramento quanto baste. O resto fazíamos nós! Que tal?


20 fevereiro 2013

Maquiavel, numa tirada simpática.

"Há três tipos de cérebros: os que compreendem por si, os que compreendem aquilo que foi pensado por outros, e os que não compreendem nem por si, nem pelos outros. O primeiro é excelentíssimo, o segundo é excelente, e o terceiro é inútil."

in, O Príncipe
edição portuguesa Coisas de Ler
tradução, introdução e notas de António Simões do Paço

19 fevereiro 2013

Harlem Shake.


Por esta altura, o número de versões do Harlem Shake já deve andar nas dezenas de milhares.
Estas, são das melhores.

Tá muita bom!!!




18 fevereiro 2013

A Brutal Pageantry: The Third Reich’s Myth-Making Machinery, in Color.

"A powerful insignia alone, Adolf Hitler once noted, “can spark interest in a political movement.” What Hitler did not say, but what is evident to anyone with eyes and even a tenuous grasp of 20th-century history, is that such an emblem can also provide a movement — and a movement’s followers — with an immediate communal identity. Display the emblem everywhere, on a scale that dwarfs the people who pay allegiance to it, and before long, both the emblem and its adherents might very well feel chosen, entitled, invincible."

Foto-galeria da Life aqui:

Les Misérables and Irony.

"The artist who deploys irony tests the sophistication of his audience and divides it into two parts, those in the know and those who live in a fool’s paradise. Irony creates a privileged vantage point from which you can frame and stand aloof from a world you are too savvy to take at face value. Irony is the essence of the critical attitude, of the observer’s cool gaze; every reviewer who is not just a bourgeois cheerleader (and no reviewer will admit to being that) is an ironist.
[...] Irony — postmodern or any other — is a brief against affirmation, against the unsophisticated embrace of positive (unqualified) values. No one has seen this more clearly than David Foster Wallace, who complains that irony “serves an exclusively negative function,” but is “singularly unuseful when it comes to replace the hypocrisies it debunks” (“E Unibus Pluram,” Review of Contemporary Fiction, 1993). Irony, he adds, is “unmeaty”; that is, it has nothing solid inside it and is committed to having nothing inside it. Few artists, Wallace says, “dare to try to talk about ways of redeeming what’s wrong, because they’ll look sentimental and naïve to all the weary ironists.” But perhaps there is hope. “The next real … ‘rebels’ … might well emerge as some weird bunch of ‘antirebels,’ born oglers who dare to back away from ironic watching, who have the childish gall actually to endorse single-entendre values. Who treat old untrendy human troubles and emotions with reverence and conviction” (“E Pluribus Unam”). Enter “Les Misérables.”

and us crazy Catholics...

encontrado na senhora do monte que tem uma coisa a dizer.

13 fevereiro 2013

Como beija o português?

ROI in Social Media.

O Papa verdadeiro, não o do preconceito.


por Henrique Monteiro
in Expresso, 12/02/2013

"Bento XVI resignou, do meu ponto de vista, por nenhum motivo obscuro, mas por ser quem é e sempre foi: um racionalista (ele mesmo escreveu e disse várias vezes que não era um místico) que entende profundamente o valor da vida e do ser humano. Como intelectual, Bento XVI é superior; como dirigente da Igreja Católica deu cabo de todos os preconceitos daqueles que, à data da sua eleição, queriam vê-lo como um mero "pastor alemão". Eu não sou católico, mas aprendi a respeitar a coerência e a elevação onde quer que elas estejam, bem como a tolerância e a convivência como valores indispensáveis à compreensão mútua. E por ter lido e ouvido de viva voz o Papa, considero-o uma figura impar na nossa intelectualidade.

Para não enfileirar com aqueles que só conseguem elogiar na hora da despedida, cito um artigo que escrevi há quase três anos nas páginas do Expresso precisamente sobre este Papa, quando ele visitou Portugal e eu tive a oportunidade de o ouvir. E deixo algumas notas finais escritas há dois anos, quando tive a oportunidade de apresentar em Portugal o livro "A Luz do Mundo" que resulta da longa entrevista que o jornalista Peter Seewald lhe fez. Já agora, nesse livro Bento XVI colocava a hipótese de resignar mediante certas circunstâncias, entre as quais estas que o levaram à coerência de o fazer. Eis o que escrevi há três anos:

 "Mas por que estranha razão, a cada passo, se ouve dizer que este Papa é um reacionário temível? O que Bento XVI quis dizer aos convidados do CCB, entre eles muitos pertencentes a outras confissões ou não professando nenhuma, foi simples: que cada um deve fazer da sua vida um lugar de beleza e que a Igreja está sempre a aprender a conviver e a respeitar os outros; "outras verdades, ou as verdades dos outros". A mensagem foi de uma profunda tolerância e de esperança que a "Verdade" possa iluminar cada ser humano. Quem se sente ameaçado por palavras assim? Já no avião, Bento XVI desarmara a polémica da pedofilia ao afirmar que a perseguição à Igreja não nasce dos seus inimigos, mas do seu interior. A frase, que parecerá revolucionária a quem nada leu sobre Cristo - a começar pela Bíblia - está, no entanto, em perfeita linha com a melhor tradição da Igreja. Em Fátima, o Papa defendeu - e bem - a liberdade de culto.

E assim, Bento XVI surge-nos infinitamente melhor do que aquilo que dele dizem.

E aqui se revela o preconceito.

Não o estafado preconceito que é arma de arremesso de todos os pós-modernos quando em causa está uma hierarquia de valores; mas o preconceito daqueles que, dizendo-se despreconceituosos, não resistem a um teste simples: fazer a crítica coerente ao que o Papa diz - e não a um conjunto de ideias pre-formatadas que ele jamais defendeu.

A luta central de Bento XVI é contra a desregulação do ethos, da ética - a mesma desregulação que elevou a ganância e a especulação a deuses de pés de barro que se estatelaram no primeiro abanão. É uma luta árdua contra a desvalorização da vida, da família, do esforço honesto e da esperança que pode e deve envolver não apenas os católicos. No CCB, também os líderes de outras confissões saudaram as palavras do Papa.

É difícil ir contra aquilo que se convenciona, em determinado momento, ser moda: o chocante, o grotesco, a desconstrução, a ganância, o egotismo. E, uma vez que a Igreja Católica continua a aprendizagem da convivência, mais do que possível é desejável o caminho comum."

E assim terminava o texto escrito no Expresso. Quero apenas colocar mais cinco notas, já escritas igualmente, mas que tenho vindo a confirmar:

1)      Como Bernard-Henry Levy também eu penso e escrevi que tudo o que diz respeito ao Vaticano e ao Papa surge na imprensa e em certos círculos acompanhado de preconceito, desonestidade e até desinformação

2)      Posso testemunhar que Bento XVI tem razão quando afirma que ninguém faz, em concreto, tanto pelos pobres, pelos que passam mal e sobretudo pelos doentes de sida como a Igreja. Andei muito por África - cobri conflitos civis em Angola, Moçambique, África do Sul, Namíbia, Malawi, Congo, Zimbabwe e sei bem que nesse Continente, bem como noutras partes do mundo, a Igreja tem uma obra assinalável. Há nos locais mais recônditos, sujos, doentios, depressivos sempre alguém que, por nada ou quase nada em troca, está lá a ajudar os outros. Diria que 100% são crentes e desses a maioria cristãos e  a maior parte católicos.

3)      A reação do Papa às denúncias do escândalo da pedofilia foi esta, exatamente, que transcrevo (e não o que por aí anda a correr: "Desde que sejam verdade são bem vindas - a verdade, conjugada com o amor corretamente entendido é o valor primordial".  Eis algo que é raro, senão impossível, ouvir de alguém responsável, nomeadamente na política.

4)      A ideia da racionalidade na Fé (ou na crença) liga-se a uma questão pertinente que raras pessoas gostam de responder. Esta: se a cultura, ou o múnus da cristandade no Ocidente perder a sua força estruturante da sociedade quem ou o quê vai assumir o seu lugar?

5)      Ratzinger tem toda a razão quando defende que a tolerância está em perigo com as doutrinas politicamente corretas. O seu exemplo é para mim paradigmático. Ei-lo "está a difundir-se uma nova intolerância (...) existem regras ensaiadas de pensamento que são impostas a todos e que são depois anunciadas como uma espécie de tolerância negativa. Como quem diz que, por causa da tolerância negativa não pode haver crucifixos nos edifícios públicos. Basicamente isto significa a abolição da tolerância"

Este texto vai longo, mas penso que vale a pena refletir sem preconceitos sobre esta figura e sobre o exemplo que ele dá a tanta gente. Ninguém é eterno e menos insubstituível. A dignidade dos cargos está relacionada com a dignidade de quem os exerce."

Instagram.

Usar o Instagram é como brincar com aqueles cubos com buracos de vários feitios onde vamos pondo as várias peças. O jogo acaba quando todas as peças estão dentro do cubo. No Instagram, já terão percebido a analogia, o cubo é a fotografia e os filtros são as peças. Tenta-se umas vezes e depois acerta-se - venha a próxima fotografia.

Tudo isto exige um esforço intelectual suficiente para acharmos que é uma coisa séria mas não o suficiente que nos obrigue a mergulhar numa viagem criativa em que realmente nos implicamos por inteiro. Igualzinho a pôr as peças no cubo. A única diferença é que o Instagram é o cubo dos crescidos. É tão básico e epidérmico que é aditivo.

Ui se é. Se eu tivesse um iphone passava o dia no Instagram. As minhas fotografias iam ser as melhores de todas e eu ia sentir-me mesmo bem comigo mesmo e hipster e indie e millenial e generation Y e... coiso...

Podíamos, quiçá, abrandar um pouco o uso da coisa? É que já não aguento "O pôr-do-sol das nossas vidas", todos os dias...

Ali no Declínio e Queda.

07 fevereiro 2013

Eu quero!


Volver a los 17.


Volver a los diecisiete después de vivir un siglo
Es como descifrar signos sin ser sabio competente,
Volver a ser de repente tan frágil como un segundo
Volver a sentir profundo como un niño frente a dios
Eso es lo que siento yo en este instante fecundo.

Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

Mi paso retrocedido cuando el de ustedes avanza
El arco de las alianzas ha penetrado en mi nido
Con todo su colorido se ha paseado por mis venas
Y hasta la dura cadena con que nos ata el destino
Es como un diamante fino que alumbra mi alma serena.

Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

Lo que puede el sentimiento no lo ha podido el saber
Ni el más claro proceder, ni el más ancho pensamiento
Todo lo cambia al momento cual mago condescendiente
Nos aleja dulcemente de rencores y violencias
Solo el amor con su ciencia nos vuelve tan inocentes.

Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

El amor es torbellino de pureza original
Hasta el feroz animal susurra su dulce trino
Detiene a los peregrinos, libera a los prisioneros,
El amor con sus esmeros al viejo lo vuelve niño
Y al malo sólo el cariño lo vuelve puro y sincero.

Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

De par en par la ventana se abrió como por encanto
Entró el amor con su manto como una tibia mañana
Al son de su bella Diana hizo brotar el jazmín
Volando cual serafín al cielo le puso aretes
Mis años en diecisiete los convirtió el querubín.

é isto.

"If you can't fly, run. If you can't run, walk. If you can't walk, crawl.
But by all means keep moving!"

Martin Luther King

05 fevereiro 2013

Está na hora.

no essejota.net
edição 91 | 01.02.13
secção de música

Partia no dia seguinte rumo a não sabia bem o quê.

Não ia ser como tinha sido até ali, seria outra coisa. E isto era tudo o que ele sabia.
Partia por querer e por ter de ser, ou talvez fosse por ter de ser para continuar a querer, para ter um querer de que fosse dono e que o fizesse ir em frente para cumprir essa promessa de si. Para não ficar, apenas.

Contando que nessa noite de vésperas o sono viria só depois, deixou-se ir ficando na sala, à espera, quando todos tinham já saído. Passou os olhos pelas coisas e demorou-se nas ideias e nos retratos da família, pensando se teria ou não saudades.

Levantou-se para ir dormir e ao passar pelo escritório ouviu chamar "Senta-te aí... Está na hora de ouvires o teu Pai".Nunca sabia muito bem o que esperar quando era chamado ao escritório. As coisas nem sempre eram fáceis entre eles e as últimas semanas não tinham sido as melhores.



está na hora de ouvires o teu pai
puxa para ti essa cadeira
cada qual é que escolhe aonde vai
hora a hora e durante a vida inteira

podes ter uma luta que é só tua
ou então ir e vir com as marés
se perderes a direcção da lua
olha a sombra que tens colada aos pés

estou cansado aceita o testemunho
não tenho o teu caminho para escrever
tens de ser tu com o teu próprio punho
e era isto que eu te queria dizer

sou uma metade do que era
com mais outro tanto de cidade
vou-me embora que o coração não espera
à procura da mais velha metade

está na hora de ouvires o teu pai
puxa para ti essa cadeira
cada qual é que escolhe aonde vai
hora a hora e durante a vida inteira


Não percebeu logo tudo o que ouviu nessa noite. Ficou mais aturdido com a sinceridade e franqueza do Pai que outra coisa. Percebeu que não tinha sido um ralhete mas pouco mais lhe fez sentido. Só quase um ano depois, nos fins de tarde do primeiro verão em casa sentado no jardim com o pai, que entretanto doente perdera a fala, é que foi assentando no seu coração o que naquela noite se tinha dito no escritório.

O que era isso de se sentar para escutar o seu Pai, o que era isso de ouvi-lo dar de si o flanco e o tesouro-sabedoria, o que era isso de ter de ser ele com o seu próprio punho durante a vida inteira. Percebeu o que era isso de ser Filho.

Em todas estas coisas meditava. Tinham passado trinta anos e era de novo noite de vésperas. O seu filho ia partir. "Quem sai aos seus, não degenera" pensava ele com um leve sorriso enquanto olhava os retratos, estes agora no seu escritório. Tinha percebido tudo: "Para ser Pai, tive de aprender a ser Filho!".


a day in the life of Jackass Joe - filho da p%#@ do pombo.

Estava a tempo. Tudo alinhado. A sua vespa rolava suave sem os normais atropelos de um motor acabado de acordar. Estava frio mas a frescura não era suficiente para estragar a groove de um arranque limpo para um dia promissor como o sol de inverno dessa manhã. Fintava o trânsito, um carro e outro de ritmo em alta, cadência a fluir.

Depois veio o pombo...
O Joe nem o viu chegar. Só viu um vulto logo acima dos olhos que só por sorte lhe foi acertar no capacete e não na cara - o capacete era aberto. Cagaço da vida logo pela manhã só para abrir a pestana e pôr o infante manso...

Filho da p%#@ do pombo!




04 fevereiro 2013

Querido "Diário de Notícias" da minha vida.

por Gonçalo Portocarrero de Almada.
no i de 2 de Fevereiro 2013.
"Que sina a minha: mal nasci, saí no jornal! Não tive culpa. Só que me aconteceu o insólito facto de ser o primeiro de três gémeos portugueses, dados à luz em Haia, a capital dos Países Baixos.
Menino e moço, recordo que em casa se lia o “Diário de Notícias”, sobretudo a sua necrologia, uma parte indiscutivelmente verídica do órgão oficioso do regime que, por isso, só podia ser objectivo na medida em que a censura o permitisse.
Depois do 25 de Abril, o mesmo diário, para se redimir do seu passado colaboracionista, entregou-se com fervor ao novo poder. Foi por estas alturas o consulado do Nobel literato que, em pleno PREC, alinhou pelas “boas práticas” da ditadura do proletariado.
Em casa, claro, continuava-se a receber o jornal, cujo obituário merecia a melhor atenção dos mais velhos da família, que aí encontravam sempre pessoas das suas relações. Para as outras verdades, as do país e do mundo, era preciso ir ao “Le Monde”, à “Time”, à BBC ou à “Deutsche Welle”.
Lembrei-me de tudo isto agora, que o “Diário de Notícias” se lembrou de devassar uma pacata obra de Deus – logo por azar a instituição eclesial em que sirvo há já alguns anos – atribuindo-lhe estranhas gestas, para além de secretos mundos e muitos fundos. Fá--lo com meias verdades, repetindo velhos tópicos, mas sem nenhuma especial originalidade.
Nada de novo, portanto. Contudo, surpreendi-me: afinal, é tão fácil fabricar um escândalo! Quer-se acusar de opulência a diocese de Lisboa? Basta recordar que as igrejas da Baixa valem muitos milhões e, portanto, o patriarcado é, na realidade, multimilionário. Pretende-se denegrir as carmelitas descalças? Escandalizem-se os leitores com a sua obrigatória reclusão e as suas arrepiantes autoflagelações. Precisa-se de caricaturar as missionárias da caridade? É dizer que as desgraçadas não têm televisão, não leram, nem podem ler, O Memorial do Convento. Interessa difamar a Companhia de Jesus? Reedite- -se o que dela disseram os que, em 1910, a expulsaram do país, sob a acusação dos jesuítas envenenarem as águas dos fontanários públicos…
A bem dizer, não há pessoa ou instituição, por mais santa que seja, que resista a uma “grande investigação sobre o seu lado secreto”. Nem mesmo o próprio Cristo. Bastaria dizer, por exemplo, que, com trinta anos, não tinha residência fixa e vivia apenas com homens, um dos quais, por certo, ladrão. Que se deixava tocar por prostitutas e, enquanto havia quem morresse de fome, aceitava ser perfumado com bálsamos caríssimos. Que pregou o amor, mas chicoteou os seus semelhantes. Que chamava a si as criancinhas e tinha, como seu amigo predilecto, um jovem adolescente, que se reclinou sobre o seu peito… Tudo verdades, a concluir numa sacrílega mentira, a que o incauto leitor seria induzido por um inquérito “rigoroso” e “objectivo”.
É lógico que seja assim. É lógico que o poder laico não possa tolerar uma Igreja livre. É lógico que os discípulos do Mestre crucificado sejam objecto do escárnio e da maledicência dos seguidores do príncipe deste mundo. É lógico que uma entidade indiscutivelmente fiel à Igreja e unida ao Papa e aos bispos, seja maltratada onde recentemente se negou o dogma católico da virgindade de Maria e se criticou o último livro de Bento XVI. É lógico que a viúva do Nobel, erigida – sabe--se lá porquê!? – em alta autoridade para os fenómenos eclesiais, seja fiel à memória anticristã do seu defunto marido que, segundo a própria, “detestava profundamente as religiões”. É lógico. Aliás, como o mundo, também o inferno deve estar cheio de gente com carradas de razão… Mas sem amor.
Querido “Diário de Notícias” da minha vida: obrigado por esta companhia, desde o meu nascimento e, presumivelmente, até à minha morte. Obrigado por me fazeres sentir a alegria de ser discípulo de Cristo, na sua Igreja e nesta obra de Deus, que tem a glória humana de não ter, nem querer ter, como Jesus, nenhuma glória humana.
Não te peço que deixes de ser o que sempre foste e, seguramente, continuarás a ser, por muitos e bons anos. Mas, se noticiares a minha morte na tua infalível necrologia, por favor, diz apenas que morreu alguém profundamente feliz."

a day in the life of Jackass Joe: gás de botija.

Lá fora rolavam já as horas de sol de cafés abertos e gentes a caminho do seu dia. Crianças de pasta e crescidos de ar sério. Velhinhas à janela a apanhar a roupa do estendal ou só à janela. O merceeiro a abrir as portadas.
Nessa manhã estava a horas, com dois telefones a fazer de despertador. Levantou-se, foi para a casa de banho e no chuveiro ligou a água: tinha acabado o gás…



01 fevereiro 2013

Life, North Korea Style...

a day in the life of Jackass Joe: 9:04!?

Lá fora a manhã crescia, serena de sons e cheiros de uma cidade que acordava...


Joe's wife – Joe! Já deve ser tarde..!

Joe - Tranquilo... pus despertador...

Joe, por descargo de consciência, pega no despertador convencido que são sete e qualquer coisa...
9:04!?