28 abril 2011

G. K. Chesterton
"Uma coisa morta pode ir com a corrente, mas só uma coisa viva pode ir contra ela!"

27 abril 2011

um santo é um pecador que não desiste.

À medida que a Última Ceia se aproximava inexoravelmente do fim, Jesus disse aos seus apóstolos: “Um de vós vai trair-me”. Teria sido muito mais preciso se dissesse "Todos vós vão trair-me”.

Judas vendeu o seu mestre por 30 moedas de prata e identificou-o perante os soldados, beijando-o. Mas os outros também não fizeram melhor, fugindo e deixando Jesus sozinho nas horas mais terríveis da sua vida. E Pedro, no meio de muitas imprecações, negou por três vezes conhecer Jesus.

Muitos de nós diriam que não mereciam que alguém morresse por eles, mas Jesus não pensou assim. Desde o início conheceu-os inteiramente e não teve ilusões a seu respeito. Mas também viu mais do que eles viam em si próprios. Viu a sua capacidade para crescer em grandeza. E como derradeiro amigo fiel, estava determinado a permanecer com eles até ao fim e ver nascer essa grandiosidade.

Deus nunca desiste de cada um de nós. Nunca! Tudo o que pede em troca é que não desistamos de nós ou dos outros. Ele tem o poder de nos fazer crescer, e quer dar-nos esse poder. Abramos-lhe o coração e confiemos nele.


Mons. Dennis Clark
In Catholic Exhange
Trad. / adapt.: rm
© SNPC (trad.) | 19.04.11

26 abril 2011

Questionar o sistema, vale a pena?

João Carlos Espada
in Público, 25/04/2011

Director do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa; titular da cátedra European Parliament/Bronislaw Geremek in European Civilization no Colégio da Europa, Campus de Natolin, Varsóvia

As democracias nunca prometeram o paraíso porque não são acerca de resultados. São acerca de regras de conduta.

O melhor sintoma da vitalidade de uma democracia adulta reside em não se falar dela. Esse é o sintoma de que uma democracia se tornou aquilo que de facto é: o regime político normal entre povos civilizados.

Numa democracia adulta, as pessoas discutem políticas rivais e comparam as vantagens e desvantagens em adoptar uma ou outra. Mas não põem em causa, obviamente, o sistema de regras que lhes permite discordar e discutir livremente. A esse sistema de regras que permite a discussão e escolha livres chamamos democracia, mais exactamente democracia liberal.

Em regra, é isso que se tem passado entre nós nos últimos 37 anos, se descontarmos o período do chamado PREC e suas sequelas. É por isso um tanto ou quanto aborrecido começar a ouvir umas vozes dizendo que, perante a crise a que chegamos hoje, não valia a pena ter havido o 25 de Abril. Afinal, opinam essas vozes, a democracia não nos trouxe o paraíso que nos tinha prometido.

Há aqui um equívoco, talvez um pouco grosseiro. As democracias nunca prometeram o paraíso, nem qualquer outro resultado particular, simplesmente porque não são acerca de resultados. São acerca de regras de conduta, de procedimentos. Essas regras permitem que os cidadãos escolham políticas, e são estas que produzem os resultados. Se os resultados, numa democracia, desapontam os cidadãos, talvez seja altura de mudar de políticas. Eventualmente, também de ajustar procedimentos para facilitar essas mudanças (como seria o caso de introduzir mais concorrência no sistema eleitoral).

Uma "não-democracia", entre povos civilizados, é um estado de excepção. Não é uma opção normal, ou habitual, como a opção democrática. Isso mesmo foi dito com naturalidade por Winston Churchill, num célebre discurso em Paris, a 24 de Setembro de 1936, contra o despotismo nazi e comunista:
"Como poderemos nós, criados como fomos num clima de liberdade, tolerar ser amordaçados e silenciados; ter espiões, bisbilhoteiros e delatores a cada esquina; deixar que até as nossas conversas privadas sejam escutadas e usadas contra nós pela polícia secreta e todos os seus agentes e sequazes; ser detidos e levados para a prisão sem julgamento; ou ser julgados por tribunais políticos ou partidários por crimes até então desconhecidos do direito civil? Como poderemos tolerar ser tratados como rapazinhos, quando somos homens adultos?"

É certo que o regime autoritário derrubado a 25 de Abril de 1974 não tinha comparação possível com o despotismo totalitário dos regimes nazi e comunista. Mas era um regime de excepção, com procedimentos anormais, não habituais, como aqueles que Churchill descreveu na citação acima.

Esse regime de excepção terá tido justificações excepcionais, ainda assim discutíveis, em 1926, quando o país se debatia no caos em que se saldou a I República - ela própria um regime de excepção não democrático. Mas por que razão precisava Portugal de um regime de excepção a seguir à vitória das democracias no Ocidente, após a II Guerra Mundial, em 1945?

A esta luz, o único tópico realmente intrigante não é o de saber se terá valido a pena o 25 de Abril. O tópico realmente intrigante consiste em saber por que é que a transição à democracia só ocorreu em Portugal em 1974, e não 30 anos mais cedo.

Em suma, não faz qualquer sentido discutir se o 25 de Abril valeu ou não a pena, tendo em conta a situação financeira e económica a que chegamos hoje. Alexis de Tocqueville respondeu a esses disparates de forma conclusiva, em 1856, no seu livro sobre O Antigo Regime e a Revolução:
"É bem verdade que, no longo prazo, a liberdade conduz sempre, aqueles que sabem conservá-la, ao bem-estar e muitas vezes à riqueza; mas há ocasiões em que ela perturba momentaneamente o usufruto desses bens; e há outras em que só o despotismo pode oferecer o seu usufruto passageiro. Os homens que só valorizam na liberdade o usufruto desses bens nunca a conservaram por muito tempo.
"Aquilo que, em todos os tempos, ancorou a liberdade no coração de alguns homens foi o seu encanto próprio, independentemente dos seus benefícios: foi o prazer de poder falar, agir, respirar sem constrangimento, sob o único governo de Deus e das leis."

21 abril 2011

Pular a cerca 2.0

Otelo Saraiva de Carvalho
Com a recente sucessão de declarações, o ex-militar e ex-terrorista Otelo Saraiva de Carvalho re-inventou a expressão "pular a cerca"...!

1º Luta contra uma ditadura;
2º Luta com as brigadas terroristas FP25 contra a democracia que nasceu da revolução em que participou;
3º Recentemente disse que se fosse para chegar a isto não tinha feito nada;
4º Recentemente disse que o que era mesmo bom era ter alguém com a inteligência de Salazar!

E ninguém convida o "histórico" comandante dos mandatos de captura em branco, a sair de cena de vez!

Spin Socratiano.

Turismo português lidera a vanguarda ao proporcionar aos visitantes da Torre de Belém, uma experiência interactiva de um realismo disruptivo e surpreendente!
O pioneirismo patente no vídeo é possível graças à brilhante construção de sinergias entre o dinamismo hídrico do estuário do Tejo e o aproveitamento inteligente da falta de manutenção.


Com José Sócrates, Portugal thinks out of the box!

19 abril 2011

O fim da ascendência ocidental?

por João Carlos Espada
Director do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa; titular da cátedra European Parliament/Bronislaw Geremek in European Civilization no Colégio da Europa, Campus de Natolin, Varsóvia
in Público, 2011-04-18 

O mais importante factor, diz Ferguson, é que o Ocidente não esqueça as seis condições que fizeram o seu sucesso



Civilization: The West and the Rest é o título do mais recente livro de Niall Ferguson, que serve também de base a uma série do Channel Four. As 355 páginas de texto (excluindo notas e bibliografia) lêem-se de um fôlego, embora proporcionem matéria para mais longa reflexão. 


A pergunta de partida de Ferguson reside em saber por que razão, por volta do ano 1500, algumas pequenas comunidades políticas no extremo ocidental do continente euro-asiático iniciaram um percurso que as levaria a dominar o resto do mundo, incluindo as mais populosas e, em muitos aspectos, mais sofisticadas sociedades da euro-ásia oriental, designadamente a China.


A resposta de Ferguson desenvolve-se em torno de seis conjuntos de instituições, bem como das ideias e comportamentos a elas associados, que distinguiram o Ocidente do resto do mundo.


Em primeiro lugar, Ferguson identifica a concorrência, entendida num sentido lato que abrange a descentralização da vida política e económica, criando as condições para o desenvolvimento dos estados-nação e do capitalismo.


Em segundo lugar, a actividade científica e a atitude científica perante o mundo, que, entre outras coisas, permitiram a superioridade militar do Ocidente.


Os direitos de propriedade surgem em terceiro lugar. São o centro do que chamamos primado da lei (rule of law), permitem a experimentação descentralizada e constituem a base do regime representativo a que chamamos democracia liberal.


A medicina surge em quarto lugar, como um ramo específico da actividade científica já citada em segundo lugar. Foi o desenvolvimento da medicina que permitiu a melhoria significativa da saúde e esperança de vida das populações ocidentais e, depois, das populações das suas colónias.


Em quinto lugar, para a surpresa de muitos, surge a sociedade de consumo, com a produção e aquisição de roupas e outros produtos de consumo, sem os quais a (impropriamente) chamada Revolução Industrial não teria ocorrido.


Last but not least, surge a ética do trabalho, que Ferguson atribui ao Cristianismo, sobretudo na sua versão protestante.


Ferguson argumenta que, graças a estes seis conjuntos de instituições, atitudes e ideias, o PIB per capita da Inglaterra em 1600 era já 60% mais elevado do que o chinês. Em 1820, o PIB per capita dos EUA era o dobro do da China; em 1870, era quase cinco vezes mais elevado; em 1913, a relação era já de 10 para 1. Em 1968, o americano médio era 33 vezes mais rico do que o chinês médio, em termos de paridades de poderes de compra. Na base do rendimento médio, a diferença era de setenta para um.


A partir da década de 1950, no entanto, vários países asiáticos começaram a importar premeditadamente as seis instituições ocidentais referidas por Ferguson. O resultado dessa ocidentalização tem produzido resultados extraordinários. O PIB per capita de Singapura é hoje 21% mais elevado do que o dos EUA. O de Hong Kong é igual ao americano, os do Japão e de Taiwan são apenas 25% mais baixos e o da Coreia do Sul 36% mais baixo.


Nem mesmo o obscurantismo comunista de Mao conseguiu impedir a China de observar este fenómeno de ocidentalização dos seus vizinhos e rivais asiáticos. A partir de 1980, inicia-se a corrida chinesa para a ocidentalização, com resultados verdadeiramente impressionantes. Em 26 anos, a China encetou o processo de industrialização mais rápido de sempre, multiplicando o PIB por 10. A Inglaterra tinha levado 70 anos após 1830 a multiplicar o seu PIB por 4.


Segundo cálculos do FMI, a China ultrapassará os 10% do PIB mundial em 2013. Em 2027, ultrapassará o PIB dos EUA, embora isso possa acontecer ainda antes, talvez em 2014 ou 2020.


A pergunta de Ferguson é inevitável: estamos a assistir ao fim da ascendência ocidental que marcou os últimos 500 anos? A resposta é difícil, porque o futuro está aberto, como diria Karl Popper, e muitos factores podem interromper as tendências actuais. O mais importante factor, diz no entanto Ferguson, é que o Ocidente não esqueça as seis condições que fizeram o seu sucesso. 

06 abril 2011

Listen, learn... then lead.

Tristes delícias...

Da Complexidade e Contradição, chega-nos outro golo:

"José Sócrates disse que um assunto não foi discutido no Conselho de Estado; Bagão Félix disse que esse assunto foi discutido no Conselho de Estado. Os dois prestaram declarações sobre o que se passou no Conselho de Estado, sendo que um deles - José Sócrates - mentiu e o outro - Bagão Félix - não. Perante isto, Eduardo Pitta acha que Bagão Félix deve demitir-se. Esclarecedor."


05 abril 2011

Indiferentes são os peixes...



Esta e outras perguntas, são as cá de dentro. São as do coração, da consciência.
O que decidimos fazer com elas, é o que mais nos define.
Tentamos responder? Descartamos à partida? Paramos para as ouvir serem feitas cá dentro?
Eu, menos do que devia...

São perguntas que estão sempre a ser feitas.
Fazem parte de nós e precisam da nossa atenção.
Estamos cá para mais do que prosperidade ou FMI's.

Viver não é indiferente. Indiferentes são os peixes...

Acabamos sempre por escolher: tentar responder e escolher as "linhas com que nos cosemos"; achar que são coisas supérfulas, pouco úteis ou arcaicas.


Este, é um Referendo que não tem abstenção...

02 abril 2011

"I know what is the meaning of Cross".


Shabaz Bhatti, ministro paquistanês das minorias, foi assassinado por talibãs a 2 de Março de 2011

soltas...

"A força pura pode ser sublime, mas de uma maneira taurina."

pela Jo.

Golo!

Meninos mimados, não morrem na cruz
por Simão Lucas Pires @essejota

"O que torna o menino mimado especialmente irritante é o contraste ridículo entre o seu estado e o seu comportamento: tem um metro de altura mas olha para as coisas de cima para baixo. Não gostamos de vê-lo exigir tudo antes de conhecer alguma coisa, nem de vê-lo dar ordens quando a sua tarefa é obedecer. E, no entanto, a nossa atitude perante a existência é a mesma. Vivemos com a estranha ideia de que o cosmos tem uma dívida a pagar-nos, e na arrogância de considerar que temos alguma proporção com o que nos rodeia.

Não queremos ver que, por mais adultos que sejamos, continuamos sempre a ser meninos no meio de tudo isto. O curso dos dias, cheios de acontecimentos dentro dos quais não há espaço para perguntas, dá-nos a sensação de que a vida nos dá pelo ombro. Mas a atenção, o olhar que interrompe a sonolência, vem dizer algo diferente: tudo é estranho, tudo me escapa. Há um grande segredo anterior a mim. Basta ver uma flor erguer-se da terra. Basta parar uns segundos perante uma das nossas mãos para perceber que as coisas óbvias não são nada óbvias. Descobrir o mistério que é para nós cada pedaço de ser e, além disso, tomar consciência de que a nossa vida é vã, terrivelmente vã, sem a esperança que a Palavra de Deus nos propõe, põe-nos no lugar e ensina-nos que a justa maneira de olhar é de baixo para cima.

Se na Quaresma nos preparamos para acolher Cristo em toda a sua radicalidade, o reconhecimento da pequenez toma neste tempo uma especial importância. Meninos mimados não morrem na Cruz. Há que aproveitar a Quaresma para combater a tendência arrogante da nossa natureza ridiculamente orgulhosa, pois não há conversão sem humildade. Sem reconhecer de modo profundo que não me basto a mim mesmo, que força é que vai encher os meus passos? Sem a consciência da minha insuficiência, o cristianismo arrisca-se a tornar um assunto de cabeceira.


E os Evangelhos mostram muito claramente que Jesus não me convida a ser um burguês com trejeitos morais. A sua linguagem, aquela através da qual venceu a morte na Cruz, é a servidão. Cada um de nós é chamado a submeter-se a uma vontade que não a sua. Para começar a responder a esse apelo difícil há que reconhecer, em contemplação séria, a nossa verdadeira posição perante o mistério das coisas. E em seguida perguntar, como se pela primeira vez: na minha vida particular, de que modo é que quero assumir a condição de servo?"