não me levem a mal, a vida corre bem
só que tenho saudades
não dá p'ra não sentir
desse lugar cheio de Graça
de onde tive de partir
de acordar cansado, alma cheia
de ir ao pão com o cheiro da manhã
e a padeira a sorrir e voltar para rezar
ver a malta acreditar e a partir a missionar
saudades desses dias
em que sou melhor que nos outros
e à Vida dizer Sim
sem pensar nos meus desgostos
sentir o dever cumprido e a guerra ganha
e a Vida a transbordar, daqui ao fim do mundo
e a cada dia voar sem medos, no céu aberto à minha frente...
e o sorriso agradecido, de quem anda contente
e esse consolo de uma reza noite fora
que mal agarro na confusão mundana
e a gente à minha volta tão desperta
que não vejo nesta vida meio cigana
não desvendo os silêncios que lá tinha
e que chegavam com o sol de cada dia
nos barulhos da jincana lisboeta
tenho a saudade, minha velha companhia
e assim me sobra a arte de aprender
o esquivo ritmo deste urbano descompasso
e por sabê-lo, tão feliz poder dizer
que a saudade morreu no meu terraço!
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