Não me larga esta ideia de uma constância frente aos altos e baixos da vida. Uma espécie de permanência resoluta do coração à flôr da pele. Não estou a falar de uma espécie de distância indiferente; de um jeito blazê. Falo, isso sim, de sermos magnânimos frente à vida. Inteiros em cada momento e, ao mesmo tempo, constantes no coração que pomos ao mundo, que damos ao outro.
Não me soam bem as alturas da vida em que, se estamos bem, tratamos as pessoas bem e se estamos mal, então não se cruzem no nosso caminho. Não me soa. Está qualquer coisa fora do sítio.
O que estou a tentar explicar é uma espécie de simplicidade terra-a-terra, misturada com genuidade espontânea, unidas a uma transcendência, sinal de qualquer coisa maior. As pessoas assim têm uma nobreza especial. São capazes de rebentar os botões da camisa de tanto rir, de festejar como ninguém os maiores triunfos, de chorar oprimidos as mais ácidas amarguras e, apesar de tudo, não endurecer.
O que estou tentar explicar é uma espécie de capacidade de sermos quem somos, onde quer que estivermos, apesar do que vier. Como aquele prisioneiro que não perde a dignidade e está, por isso mesmo e para sempre, para lá do alcance do seu carcereiro.
É pôr o coração na flôr da pele, aberto à Graça, mesmo sobre pressão.
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