18 setembro 2007

Valparaíso

A vida tem dias assim...
Tudo está tranquilo...
É tudo sereno e o barulho do mundo é um eco lá ao longe.
Só se ouve o que vem da alma...
É como estar do outro lado do vidro, ser do tamanho de uma mosca. Um espectador no teatro, à espera do segundo acto...

Tudo é sereno. Na confusao de formas e cores, nada destoa...
Só se ouve o silêncio... e essa velha conhecida, a dor que chega com a partida, traz o travo agri-doce.
E assim, nesse sereno momento partilhado a sós, bebes o teu chá de saudade e paz... Uma infusao de dor resignada. Sabes que chegou. É o momento de partir, é a hora de seguir, de viver o que vem depois.

E a vista segue bonita, às cores, tranquila e distante... sublime na sua paz... como que adormecida a saborear o sol que hoje saiu em força... e tu segues embalado nesse pedaço de céu que roubaste por um dia.
Nada destoa. O mar de casas é como uma companhia de trapezistas equilibrados nas encostas. A confusao de linhas, formas, ângulos , arestas, pilares, apoios e desapoios, é um marasmo de desequilíbrio, equilibrado...
Nada destoa, há espaço para tudo e lugar para mais nada.
Tudo é bom.

A cidade é um jogo de "sobe e desce", entre o mar e a colina.
É uma colecçao de montes e vales, de recantos e paraísos urbanos.
Valparaíso, vale o paraíso...
E agora neste instante e sentado nesta varanda, este céu na terra é meu...

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