escrito a 17/12/23
Hoje na missa o presépio era nos escombros de um prédio com um cenário de prédios destruídos e arame farpado e colunas de fumo e um pano camuflado. São José segurava um cajado a esticar outro oleado a fazer de tenda.
Não tinha mensagem política. Era só a constatação de que este ano, outra vez, Jesus nasce onde sempre nasce primeiro... no último lugar mais desolado, no coração mais desesperado, na alma mais penada que ninguém quer ver - e não só em sítios de guerra.
O mundo está em guerra sempre. Arrisco que desde 1914 nunca mais parou de "estar muito em guerra". A Ucrânia e a faixa de gaza desta vez explodem nos nossos ecrãns. Mas é chão já conhecido do menino Jesus. Que possamos nós rogar a paz com mais força. Que os invasores cessem, que os terroristas se convertam. Que os inocentes sejam salvos. Que o bom Deus receba as vítimas nos seus braços. Que os agressores se arrependam.
Fiquei a pensar como a beleza persiste. A beleza é ao mesmo tempo frágil e intrépida. Mais forte que o titânio e mais desvanecida que a areia solta nas mãos. A beleza persiste sempre que deixamos um cantinho, por mais pequeno, para o Presépio. E aí, depois, está tudo bem porque Ele nasceu... ó doce e caloroso consolo... ó noite silenciosa que brada aos tempos "Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus todo o Meu enlevo".
Está tudo bem. Podemos morrer ou ir andando, padecer as cruzes, ir chorando. Mas moramos no colo d'Aquele que atravessa as chamas e nos diz: Nada temas. Coragem. Eu vim para que a Tua alegria seja completa.