03 janeiro 2013

Golo do Vasco Cordovil Cardoso.


no essejota de Janeiro 2013, 1ªquinzena.

"Estamos fartos de saber o que é o novo. Estamos rodeados de coisas novas, de começos, invenções e novidades. Lembra-mo-nos do nosso primeiro dia de escola, de faculdade e do nosso primeiro emprego. Frequentemente saímos de casa para ir comprar o novo disco da nossa banda preferida ou o novo livro de que tanto se fala. Quantas vezes abrimos o computador e temos para descarregar uma nova actualização ou uma nova versão do iTunes? E não ligamos quase todos os dias, pelas oito da noite, a televisão, ou abrimos de manhã o jornal à procura do que há de novo no país e no mundo?

No entanto, de vez em quando, se olhamos para a nossa vida como se fosse uma só coisa, se pensamos em tudo o que fomos, tudo o que vimos, tudo o que há e tudo aquilo que está ainda escondido pelo futuro, damos de caras com uma evidência demasiado dura: nada parece haver ou ter havido de verdadeiramente novo. Ainda que cada dia seja sempre para nós um "novo dia" parece haver um muro que limita todos os dias a serem apenas dias. A mudança e a novidade nem tocam nas coisas verdadeiramente importantes: o sofrimento, a morte, a injustiça, a nossa infelicidade. Esta visão transforma, então, todos aqueles "novos" rotineiros, em ilusões. A novidade aparece-nos como uma espécie de máscara por trás da qual a verdadeira vida se esconde e as promessas que o futuro sempre traz são agora fantasias que ele não é nem será capaz de cumprir. Percebemos que há uma novidade que procuramos e que não a encontramos em nenhuma das que vemos. Procuramos uma vida nova, uma vida justa, uma vida feliz, e vemos cada dia novo tão longe disso.

Mas nós cristãos não nos deixamos ir abaixo com esta nossa cegueira. Para nós, mesmo que este sentimento nos invada às vezes, o Novo já nasceu. O Natal que ainda agora festejámos é para nós a derradeira Novidade, o momento no qual as portas para essa nova vida de que estamos em busca, se abriram. Jesus Cristo é ainda, mesmo para nós que achamos que O conhecemos muito bem, a única novidade digna desse nome. Não é apenas uma novidade histórica, não é mais um acontecimento. Jesus Cristo é a radical novidade, a possibilidade de uma vida nova de raiz, uma vida convertida, mais justa, uma vida de amor.

Tudo isto significa que fazer deste ano, que agora começa, um ano novo depende do lugar que nele ocupar Cristo. Um propósito de ano novo que não vá mais longe do que a esfera do tempo é ainda curto e está condenado à partida."

Sem comentários: