07 fevereiro 2010

brincar com o fogo e não fugir da queimadura...

Não consigo explicar porque é que não percebo como é que este filme me deixou, depois de o ver.
Fui ingénuo ao pensar que a Juno afinal ia ficar com o bébé. Não me lembrei que só tinha dezasseis anos.
"Só tinha dezasseis anos. O Bleeker é um miúdo. Era pedir demais". É o que me diz a razão...
"Mas secalhar tinha dado". É o que me diz o sonho...
"E quando ela quiser voltar a estar com o filho?" É o que me diz a angústia...
"Esta personagem é capaz de amar. E quando quiser fazê-lo de perto?" É o que me diz o desconforto...
"O filho tem a vida inteira pela frente." É o que me diz a esperança que me aquece...

Tento fazer a paz com o desfecho do filme: penso que fica tudo em aberto e bem entregue durante uns anos; talvez tenha sido o melhor para o bébé; tudo se resolve e a Vida pode acontecer; ela não abortou e por isso ainda estamos em jogo; Ele vai fazendo das Suas, cosendo as pontas soltas.

E depois penso que não há ninguém que defenda que é possível correr bem. Que a ternura pode tornar-se Amor. Que os saltos mortais a que a vida nos chama, são possíveis...
Parece que só com dinheiro e estabilidade (ainda que aparente),é que a coisa pode correr bem.

Dizem-me as vísceras que existe qualquer coisa de transcendente, primitivo, íntimo e definitivo no laço entre mãe e filho. Uma coisa que pode ser esquecida, sufocada e posta de parte, mas que não desaparece...
Parece que esse laço ficou interrompido.
E é por isto que não fico completamente descansado. Quero saber que mais músicas é que cantaram juntos. O nome do filho. Se a Vanessa se safou. Se a vida correu bem a todos... se estão bem e felizes.

Se não entregasse o bébé, também ia ser difícil e muito provavelmente, um caminho duro que poderia não acabar bem. Mas ao menos estavam juntos... mas também podiam acabar afastados...

Acho que só podemos ter esperança e confiar que tudo acabará bem. A Juno não abortou e, por isso, continuamos em jogo... está tudo em aberto... Pode tudo vir a correr bem.

A Juno não abortou... e isso tá muita bom!

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