Isto não está para filhos e outras impossibilidades.
no essejota em 2013 (no TMB hoje e revisto)
Reza a lenda que um dia
soava lá do alto, no meio do bater de espadas e homens, o chamamento incessante
"Lembra-te! Lembra-te! Chama a ti de volta, aquilo que te faz
lutar!"
A batalha ia longa e feroz e os flancos tinham começado a ceder. Sentia-se o medo a quebrar a força dos
punhos. No meio do combate, ele olhou para cima e lá estava o rei no penhasco
- imponente, a bradar aos quatros ventos uma e outra vez: Lembra-te! Lembra-te!
Chama a ti de volta, aquilo que te faz lutar!
Cá em baixo,
entregue à luta e ao risco ele rezava - "Lembra-Te, lembra-me! Daquilo que me
faz lutar. Não me deixes agora."....
Esta lenda podia existir,
mas não existe. Não faz mal. Os The Walkmen trataram de compor a Heaven e de
lançar um albúm com o mesmo nome. Depois promoveram esse albúm com uma sessão fotográfica
centrada na família. Este último ponto vai dar jeito mais à frente.
Vivem-se tempos de
aperto, constrangimento, angústia e incerteza. Dita o senso comum que não se
acredite em crescimento, florescimento ou estabilidade; que não se pense em
lançar negócios, mudar de vida ou profissão; que tudo isso é impossível; que
isto não está para filhos. Só que o senso comum raramente diz coisas de jeito.
É claro que não resulta
andar pela vida com um par de sapatos da Dorothy para resolver tudo.
"Pensamentos positivos atraem coisas positivas" é chiclete esotérica.
Não é disso que quero falar e os Walkmen também não.
Heaven e o seu refrão são
um aviso, uma chamada à atenção. São a voz que soa firme no penhasco e que
manda recordar as razões que nos fazem querer um dia depois do outro e depois
desse o a seguir e nesses todos ver a criação e o Criador. Sim, Heaven e o seu
refrão centram-me no essencial para me empurrar lá para fora logo a seguir.
Remember, Remember!
All we fight for!
Tempos impossíveis são tempos
até de filhos! Lutemos por isso, por essa vida impossível. Por esse dizer que o
mundo é bom e faz sentido mesmo que o mundo, sentido com a ideia, devolva
cínico o ar incrédulo de quem tem medo de acreditar.
Que não me falhem as
forças e a Graça de viver na impossibilidade.