22 outubro 2013

Encontro.

«No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo.»
(Deus Caritas Est, 1)

«A nós, que desde sempre convivemos com o conceito cristão de Deus e a ele nos habituamos, a posse duma tal esperança que provém do encontro real com este Deus quase nos passa despercebida.»
(Spe Salvi, 3)

«A fé nasce no encontro com o Deus vivo, que nos chama e revela o seu amor: um amor que nos precede e sobre o qual podemos apoiar-nos para construir solidamente a vida. Transformados por este amor, recebemos olhos novos e experimentamos que há nele uma grande promessa de plenitude e se nos abre a visão do futuro.»
(Lumen Fidei, 1)


Durão de objectiva em punho.


Só um tipo com pinta de Little Italy é que podia ser o fotógrafo de guerra Robert Capa.
Faria hoje cem anos e era húngaro.


19x9.

por Henrique Raposo | Expresso | 21.10.13
"O Futuro e os seus Inimigos é um ensaio relevante para os nossos dias de crise. Daniel Innerarity é particularmente feliz na forma como encontra causas culturais e morais para os efeitos económicos. Ou seja, a crise económica do Ocidente é o resultado de escolhas culturais e morais das nossas sociedades. Uma dessas causas é o homem pós-moderno, o sujeito que vive na "cultura da urgência", o eu construído na "simultaneidade" e na "imediatez". Segundo este pensador espanhol, o indivíduo do século XXI está dominado "pelo desejo de satisfação imediata e mostra-se intolerante perante a frustração; exige tudo já, salta de um desejo para outro com impaciência crónica (...) é incapaz de se inserir no mais insignificante projecto ou qualquer continuidade e exige do presente o que deveria ser esperado do futuro". Innerarity não podia estar mais perto da verdade.
Tal como já tentei explicar,  a pós-modernidade teve a sua versão económica no indivíduo viciado no crédito - e convém recordar que o vício do crédito, pessoal e estatal, é a causa mais funda desta crise. As nossas sociedades passaram a encarar a poupança como uma tirania inaceitável, porque poupar implica uma distância temporal entre o acto de querer e o acto de comprar. A sociedade do eu pós-moderno com um cartão de crédito no coldre aboliu essa distância. Há uns décadas valentes, o meu pai poupou alguns meses para comprar uma TV a cores. Ao longo das últimas décadas, essa espera conservadora tornou-se inconcebível. A malta compra no momento em que deseja comprar. Este vício no crédito e a consequente ausência de poupança revelam um "presente vicinal, autárquico, auto-referencial e inquieto", um presente que não tolera lições do passado e que despreza o futuro e as gerações vindouras.
Todavia, a análise de Innerarity é frágil num ponto: as causas desta moralidade volátil. O Futuro e os seus Inimigos explica a volatilidade das nossas sociedades apenas pelas parangonas tecnológicas, as mudanças de paradigma comunicacional, etc. Ora, isso é apenas a capa tecnológica. O indivíduo pós-moderno não nasceu na internet (um meio quantitativo), mas sim na educação qualitativa. De forma consciente, as escolas e faculdades ocidentais criaram uma geração no ódio ao passado (contra as narrativas da direita) e no desprezo pelo futuro (contra as narrativas da esquerda clássica). Pior: a memória foi abolida na escola, porque impede a livre circulação da sacrossanta imaginação do petiz. A própria tabuada e o cálculo matemático foram diabolizados e os meninos não têm de aprender matemática, só têm de aprender matematicamente. Ou seja, até a realidade física mais imutável é alterada para não ferir o ego ultraprotegido do petiz. Entretanto, as escolas indianas obrigam os alunos a saber a tabuada até ao 19. 19x9, sff.  A "cultura da urgência" e o consequente sentimentalismo nasceram aqui, nesta coutada onde o eu vive num mundo onde não existem as leis da gravidade da economia, da história, da vidinha. 


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/saber-a-tabuada-ate-ao-19x9=f836789#ixzz2iRhvUJbH

15 outubro 2013

Faz hoje um ano que não foi.

Esteve para ir. Mais ou menos uma semana no fio da navalha.
Fez por ficar, ou, fizeram por ele, ou, um travo de cada coisa. Não era, passe a trivialidade da expressão para descrever a coisa menos trivial deste mundo, a hora dele. Faz hoje um ano que ficou por cá e nós com ele e todos juntos virados ao futuro de uma família que sabe ser essa união a sua maior riqueza. Continuamos. De maneira diferente, mas continuamos. Faz hoje um ano que nos foi dado continuar.

Hoje é dia de Graças, hoje é dia de dar Graças.


do que tá muita bom.

Dois anos de essejota, hoje.

10 outubro 2013

Da vergonha alheia.


"Ler o Ulisses de Joyce é masoquismo"


José Rodrigues dos Santos

in Revista Sábado