05 novembro 2012

Somos Povo de Rio.

no Essejota de 01.11.2012
secção Ouvir uma música.

Toda a gente precisa de uma bandeira. Todos queremos pertencer a alguma coisa. Todos queremos saber-nos queridos. Todos queremos importar e ser relevantes, ter um papel e um lugar. Todos precisamos de poder dizer - estes são os meus. Até a pessoa mais anti-tudo-o-resto precisa desse resto, dessas outras pessoas que querem e dizem e fazem e pensam as outras coisas todas.


Só que nós somos povo de rio, e povo de rio vive na corrente, e a corrente pegou na originalidade livre e individual de cada um e fez disso coisa absoluta. Interessa o “eu” e a procura individual da realização pessoal que mais se adequa a mim. Importa o indivíduo e, de resto, cada um sabe de si. Se houver um problema é suposto o sistema resolver, ou não é para isso que pago impostos? Cada qual com a sua verdade, porque, afinal, todos temos direito a ser felizes, e quem é cada um para opinar sobre as coisas de cada outro? Cada qual na sua caixinha eficiente, higiénica e educada onde cada um optimiza as suas condições de bem-estar que, entretanto, por pragmatismos egoístas, passou a ser sinónimo de felicidade. Mas, e desculpem martelar a imagem, povo de rio aburguesado dura pouco em tempo de cheias, se acha que pode tudo sozinho. Não estou a fazer a apologia da comunidade acima de tudo o resto. Estou a falar da sobrevivência da Pessoa, que é muito mais que o indivíduo. E é pelo resgate da Pessoa livre e original que tens de remar contra a corrente.


Abre os olhos, povo de rio. Escuta que arde no sangue e na mente a vontade primordial do mais íntimo âmago que nos foi dado ter: a sede e desejo de encontro; a explosiva vontade de ser com os outros.

Não somos auto-suficientes. O nosso não é um sistema fechado. Eu preciso de ti e aqueles de mim, e nós todos uns dos outros. Somos povo de rio, de trocas e viagens. Tirem o indivíduo do pedestal e dêem-lhe o que ele anseia ter: outro original à frente dele; um reflexo; outra lasca do mesmo tronco; alguém a quem dizer que é; alguém que queira que ele seja isso ou outra coisa. Deixemos o individualismo que isso nunca trouxe Paz a ninguém.

Abre os olhos, povo de rio, e rema!


I was raised up believing I was somehow unique
Like a snowflake distinct among snowflakes, unique in each way you can see
And now after some thinking, I'd say I'd rather be
A functioning cog in some great machinery serving something beyond me

But I don't, I don't know what that will be
I'll get back to you someday soon you will see

What's my name, what's my station, oh, just tell me what I should do
I don't need to be kind to the armies of night that would do such injustice to you
Or bow down and be grateful and say "sure, take all that you see"
To the men who move only in dimly-lit halls and determine my future for me

And I don't, I don't know who to believe
I'll get back to you someday soon you will see

If I know only one thing, it's that everything that I see
Of the world outside is so inconceivable often I barely can speak
Yeah I'm tongue-tied and dizzy and I can't keep it to myself
What good is it to sing helplessness blues, why should I wait for anyone else?
And I know, I know you will keep me on the shelf
I'll come back to you someday soon myself

If I had an orchard, I'd work till I'm raw
If I had an orchard, I'd work till I'm sore
And you would wait tables and soon run the store

Gold hair in the sunlight, my light in the dawn
If I had an orchard, I'd work till I'm sore
If I had an orchard, I'd work till I'm sore
Someday I'll be like the man on the screen

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