08 novembro 2012

Golo na Voz do Deserto.

Golo inteligente na construção e bem escrito, abre a porta para algumas subtilezas da política norte-americana e as opções nada subtis que se tomam, com mais ou menos consciência, quando se escolhe um ou outro candidato.
Estamos em campos opostos. A voz que fala no deserto diz que eu acredito no mesmo Deus que ele mas, acha que eu O atravanquei num arrumo algures no Vaticano para poder ir brincar às hierarquias e às indulgências e perfumar tudo com incenso. Eu digo que a voz acredita no mesmo Deus que eu mas, acho que chega de birras e protestos e que está na hora de voltar a casa. Isto é uma caricatura. Os dois achamos que a Igreja Mórmon é herética e "que acredita que há a divindade que é uma versão contrabandeada do cristianismo". Isto não é uma caricatura.
Mais do que isto, que é mais ou menos divertido, é o ponto fulcral onde me junto ao Tiago Guillul - não reconhecer a natureza maligna do aborto levanta questões sérias sobre o discernimento ético de um político. A resolução que daí tiro e que já tinha para mim, também, antes da eleição é que isso é suficiente para saber que não poderia nunca votar em Obama e que não diz absolutamente nada sobre se votaria em Romney. Provavelmente não votaria em nenhum deles.

Um cheirinho:
"3. Deixa-me perplexo a leveza de alguns amigos que conheço junto de mim contra o aborto elogiarem Obama sem sequer uma palavra quanto ao assunto. Correndo o risco de poder ser injusto, creio que é em casos destes que se distingue alguém que realmente olha para o aborto como uma monstruosidade. Simplificando muito a minha tese: se és capaz de votar em Obama, believe me, não és assim tão contra o aborto."

PS: Despediram o António Marujo do Público?! Mais um capítulo da morte anunciada de uma organização que antigamente era profissional e séria.

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