25 setembro 2018

Parte da Solução.


A Europa sempre foi uma manta de retalhos de nações e regiões, cerzidas pela matriz judaico-cristã que unifica toda esta diversidade e forma o primeiro bloco dito ocidental. É deste cadinho que nasceram os "valores ocidentais" - outra conversa será chegar a elencá-los. Mas é fácil reconhecer que há um núcleo partilhado.

Um núcleo partilhado. A força da Europa, do Ideal dos Fundadores, está precisamente nesta unidade na diversidade. Está na decisão soberana que cada nação toma de caminhar em conjunto, As realidades e heranças nacionais, as culturas de cada país, são força e riqueza para a União. Não são um problema.

A União estritamente tecnocrática e democraticamente deficitária, a União feita império burocrático que vemos surgir, está muito aquém do Ideal de União de Nações e Povos. Mais do que isso, e mais grave por isso, tenta fundar uma outra nação, uma outra cultura, uma outra realidade supra-nacional, ao arrepio da própria substância que a compõe.
Todo o projecto humano tem a tentação de racionalizar modelos totais e forçar um todo homogéneo, normalmente em doses de xarope amargo. Não é um "mal europeu". Mas está aí e tem de ser resolvido por todos - não é a bater com a porta que vamos lá. 

Ai de nós se não percebermos que o outro não tem de ser igual a mim para ser meu irmão.
Aprendamos a construir a partir da diversidade, sem convergências abusivas.

Não existe "mais Europa" sem prejuízo da originalidade nacional de cada estado que, mesmo sendo um conceito difícil de fixar e descrever, está presente de forma inequívoca em cada país.

Não existe "mais Europa" porque já somos todos intrinsecamente europeus. A história de cada nação não se escreve sem a história das outras nações, sem o esteio partilhado desse grande épico milenar.

Acabemos de vez com esta maneira de pensar a nossa União, olhando para as culturas e idiossincrasias nacionais como entropias ineficientes no grande modelo total.

A Europa não é outra coisa num plano qualquer que transcende os estados. Tem de ser mais intrínseca, e por isso, mais manta de retalhos e menos chapa de um qualquer material uniforme e banal. 

Caminhar juntos, não quer dizer caminhar iguais.



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