13 outubro 2014

Vai-se andando.

Moda LX '14 | Nuno Gama | Pedro Henriques
fotografia de Rui Vasco
A propósito desta imagem ouvi a pergunta - Quando este senhor é um ícone da moda e o Secret Story tem o máximo das audiências, para onde vamos? Que país é o nosso?

Respondo que é um país vítima da sua própria tradição política e de participação na vida pública, em que se insiste em falar do povo como uma massa indistinta que de alguma maneira é inferior à classe dirigente, ou, pensante.

Essa postura arrogante, infinitamente burguesa, resulta numa incapacidade de criar uma cultura de intervenção cívica com um papel forte das comunidades e estruturas locais – que levaria a um ciclo virtuoso de educação e “levantamento” das comunidades.

Criou-se por isso uma tradição política, um hábito, uma forma de vida, que vive em função do que se passa e do que se quer que se passe, apenas no parlamento. E se não é quem manda a puxar a carroça, a carroça não anda.



Não há, no cidadão comum, um hábito de fazer política, no sentido lato e, talvez, original do termo, um hábito de perguntar "como é que vamos organizar a nossa comunidade?".

Vai-se andando, porque sim. E "não se pode nunca apenas ir andando."



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