07 maio 2013

Bicho Carpinteiro.


Jake Bugg.
Nome que se diz em quase duas sílabas. Tenso e directo. Das letras à música, à sonoridade toda e à figura, Jake Bugg é guitarra e coisas para dizer. Tout court. Começou a tocar aos doze anos e lançou o primeiro albúm que aterrou no primeiro lugar das tabelas inglesas em Outubro do ano passado. Já tocou em Glastonbury, já deu música a anúncios, passa nas rádios inglesas, está na calha para um Brit Award da categoria British Breaktrough Act e já foi ao Conan. Tem 19 anos.


Lightning Bolt entranha-se. Abre com três acordes de rajada que nos deixam logo a bater o pé ao ritmo da expectativa e a cada quarto verso o menino Bugg repete uma e outra vez que de repente veio um raio que lhe acertou em cheio; que disso lhe ficou uma incapacidade de não ser o que lhe dizem as entranhas que tem de ser, até ao limite. Quer o vinho, não lhe chega água. Nesta música, Bugg não se encosta. Não consegue. A vida não pára e ele não vai ficar para trás.

Devíamos ser assim: permanentemente aturdidos pelo impacto de um raio que desperta a alma e a inteligência e a vontade e mais tudo o resto. Devíamos estar a zarpar e a voar e a remar em vez de ir andando de coisa em coisa, cheios de cuidado para não cair. Que nojo de gente que somos, que nem a verdade nos acorda. Aparência e pertencer valem mais que sangue nas veias até morrer.

Eu quero preferir as cantigas do menino Bugg que nos canta isto tudo com uma espécie de frenezim eléctrico metido no sangue, a sair aos acordes e na voz áspera. O Jake Bugg é bicho-carpinteiro. E isso tá muita bom.

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