Como ouvi ontem alguém dizer, numa democracia mediática como a nossa, as características que jogam a favor de um político são a imagem, a resistência física e a resistência psicológica.
Tendo isto em conta, só por acaso é que nos calha na rifa um PM competente...
Sócrates não é o caso.
Vamos ouvindo por aí: "Agora é que vão ser elas!".
Pois vão. Mas, se tudo correr bem, vão ser elas sem ele!
Além disso, o que Sócrates foi fazer a Bruxelas foi, essencialmente, confirmar e pedir a intervenção externa.
Digo "se tudo correr bem" porque não é nada líquido que Sócrates não concorra novamente. E se o PSD ganhar, coligado ou não, poderá ter de negociar com um PS encabeçado pelo senhor "sempre-em-pé".
E é precisamente isso que nenhum dos partidos aceita. É, talvez, o único ponto em que estão de acordo. Negociar com o PS com vista a uma unidade nacional que traga mais estabilidade: sim. Com Sócrates? Um redondo não.
Se Sócrates persistir, e é razoável que persista, também não quererá aceitar negociações com ninguém.
Não estamos, aliás, habituados a uma tão persistente voracidade de poder como a de Sócrates.
Até consegue fazer abrir secretarias ao domingo!
É razoável pensar que vamos ver o Sr. Sócrates por aí durante mais uns tempos.
Tudo isto num clima parlamentar e político altamente emocional, inflamado e onde a crispação é um constante arrepio.
Prova disso, segundo ouvi ontem alguém contar, foram as reacções em plena AR ao discurso de tomada de posse do PR: "Tenha vergonha!"; "Descaramento"; "Vamos mas é embora!" dito por uma deputada do PS levantando-se para sair; pancadas nas mesas que obrigaram o PR a ter de levantar a voz...
A situação é, de facto, muito grave.
E o mais provável é que vamos desembocar numa campanha eleitoral baseada em recriminações e vitimizações. E no meio do jogo político, perde-se o país, o interesse nacional e o sentido de Estado.
Coisas que o Sr. Sócrates dispara da boca para fora sempre que pode mas que, não sabe o que são e contribuiu como ninguém para as destruir.
Vamos lá ver se Passos Coelho não se revela um Sócrates laranja e se Paulo Portas não embadeira em arco, chegando das brumas qual D. Sebastião.
Os restantes farão a tradicional contra-corrente negativa que lhes é tão vital à sobrevivência...
Não percam os próximos episódios, porque nós, que remédio, também não!!!
[som de chamada]: "Senha 415, balcão 7 por favor..."