31 março 2008

ter esperança

Se tendemos para uma espécie de divino, então o universo terreno será uma espécie de meio para atingir esse fim mais pleno...
E portanto, o que encontramos por cá, não vai responder nunca, a tudo.

Visão sombria.
É aqui entra a esperança... Uma espécie de voz aqui dentro que, por muito fraca que às vezes possa ser, nunca se cala. Um anseio estranho que surge sem fazermos nada.

Ter esperança, é diferente de ficar sentado à espera...
Se o optimista fica à espera que o vento mude, o esperançoso ajusta as velas.
Isso implica esforço e às vezes dor... porque é sabido que a vida não é um mar de rosas... e pôr motores nos barcos, geralmente acaba num fim rápido e imperfeito. Ficamos encalhados em agonia num banco de areia.
Ter esperança é saber que o Vento existe. E se existe, então significa que está presente no universo terreno. Significa que a plenitude é um limite ao qual é possível chegar. O divino comunica com o terreno.
Ter esperança é saber a dor faz parte da vida. É saber que a dor é tão real quanto a alegria.
Ter esperança é saber que os entusiasmos são bons porque nos tocam e despertam.
Ter esperança é saber que se o coração não se abre à vida, então os entusiasmos não serão mais que isso...
Ter esperança é saber que o Vento se faz brisa junto de nós... que tudo é bagagem útil para o caminho...
Ter esperança é saber que desde que haja Vento,então no fundo, tá muita bom... por muito que possa doer...
Ter esperança é escutar o Vento e amadurecer com ele...
Ter esperança é ter coragem de sonhar, comprometido com a vida...

A vida não é uma colecção de cicatrizes... em que quantas mais tivermos, mais maduros somos. Podemos ter mais experiência, envelhecer... mas nem por isso amadurecemos. Fechar o coração para reduzir as perdas, é medo e resignação...
Amadurecer, ser mais pleno do que antes, é navegar as borrascas e as bonanças com velas de esperança, porque o Vento é sinal de algo mais que nos espera e quer abraçar...

Zarpei há pouco tempo. Sou, tantas vezes, dolorosamente incompleto. Mas isto é o que tenho vindo a sentir e a ver confirmado, aos poucos, na minha vida. É o que oiço nos momentos de paz consolada...

E assim, acho eu, vamos conseguindo subir degrau a degrau, sem precisar de ver a escada toda. Isso é bom... porque ninguém vê a escada toda...
Vamos ficando magnânimos em vez de distantes. E os altos e baixos vão sendo mais harmonizáveis e integrados...

1 comentário:

baldhor disse...

gracias, me encantó